I DOMINGO DA QUARESMA: "E vieram anjos e serviram-no"(Ev.)









Neste domingo, que era outrora o primeiro dia da Quaresma, reuniam se todos na estação da Basílica do Santíssimo Salvador em Roma.



Toda a liturgia inspira um pensamento de fortificante confiança, desde o Introito  Gradual e Ofertório até à Comunhão compostos todos com versículos do Salmo 90 que vem quase por inteiro no tracto e se repete pela Quaresma, para ser por assim dizer, o diapasão da vida nova, de bom combate, que devemos levar nestes dias. E não são acaso as lutas do Salvador, que se vão desenrolando diante de nós, para nos encorajar na batalha? A Igreja pelo menos, assim no-la dar a entender, propondo a nossa meditação o evangelho que refere a tentação de Cristo. Era a missão que empreendera de esmagar a Satanás que começava, e feri-la a Igreja neste princípio de Quaresma para querer indicar o verdadeiro motivo de confiarmos na vitória. O senhor triunfou e a Igreja diz-nos que podemos triunfar com ele, porque afinal é que a tentação e o combate que se desenrola em nós e a nossa volta, são a tentação e o combate e também a vitória de Cristo. O nosso esforço é dele, a nossa força também é dele e o nosso triunfo na Páscoa é dele também. Empreendamos, pois, generosamente o bom combate cuja estratégia o Apóstolo em grandes linhas nos traça na Epístola da Missa. Encorajemo-nos com este pensamento de que o progresso espiritual nas almas é a vitória de Cristo que se prolonga e que o combate necessário para a garantir já foi dado. Estes dias da Quaresma são tempo de salvação, são o tempo favorável que nos permite marcar posições definitivas no combate incessante do espírito contra a carne. E a Igreja nos convida com maternal solicitude a terçar armas neste prédio glorioso, para celebrarmos purificados na alma e no corpo o mistério sublime da Paixão do Senhor.





É verdade, diz São Leão em Matinas, que deveríamos viver sempre diante de Deus com as mesmas disposições requeridas para a condigna celebração dos mistérios pascais. Mas, porque isto é virtude e apanágio de poucos e porque a fragilidade humana tende sempre para o relaxamento, aproveitemo-nos ao menos a Quaresma para recuperarmos o perdido e reparemos, pela penitência e boas obras, as faltas e negligências do outro tempo.


Epístola


Leitura da Epístola de São Paulo Apóstolo aos Coríntios (2 Cor 6,1-10). Irmãos: exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salva-ção (Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação. A ninguém damos qualquer motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja criticado. Mas em todas as coisas nos apresentamos como ministros de Deus, por uma grande constância nas tribulações, nas misérias, nas angústias, nos açoites, nos cárceres, nos tumultos populares, nos trabalhos, nas vigílias, nas privações; pela pureza, pela ciência, pela longanimidade, pela bondade, pelo Espírito Santo, por uma caridade sincera, pela palavra da verdade, pelo poder de Deus; pelas armas da justiça ofensivas e defensivas, através da honra e da desonra, da boa e da má fama. Tidos por impostores, somos, no entanto, sinceros; por desconhecidos, somos bem conhecidos; por agonizantes, estamos com vida; por condenados e, no entanto, estamos livres da morte. Somos julgados tristes, nós que estamos sempre contentes; indigentes, porém enriquecendo a muitos; sem posses, nós que tudo possuímos!







Evangelho de Domingo:

Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (4,1-11): Naquele tempo: Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio. Jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois, teve fome. O tentador aproximou-se dele e lhe disse: Se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães. Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe: Se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. O demônio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe: Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares. Respondeu-lhe Jesus: Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás. Em seguida, o demônio o deixou, e os anjos aproximaram-se dele para servi-lo.


* As leituras são retiradas do site "Bíblia Católica Online"

Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

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