A doutrina Luterana percursora das ideologias totalitárias
Felipe Marques Pereira*
Martinho Lutero pregava uma doutrina que foi a percursora
das ideologias que originaram os modernos Estados totalitários. A mudança político
- social mediante a concentração de poder nas mãos de um indivíduo, grupo ou
instituição já aparece na sua doutrina do príncipe
divino.
Para Lutero o governante deveria administrar a Igreja;
nomear os bispos, padres e elaborar os artigos de fé. É evidente que o tal
"príncipe divino" não nomearia para um cargo eclesiástico alguém que contrariasse
suas decisões políticas, eliminando assim a concorrência entre os poderes, base
de uma sociedade que ainda pode oferecer alguma liberdade para os seus cidadãos.
A Igreja inevitavelmente passaria a se transformar em um instrumento político entregue
aos interesses e caprichos dos governantes. Até as ideias do comunista Gramsci já
estavam aí, claramente antecipadas.
Essa doutrina foi posta em prática na Inglaterra pelo rei
Henrique VIII, fundador da seita Anglicana.
Atualmente circulam muitos estudos que constatam a
relação entre o capitalismo e o
protestantismo e de como as doutrinas heréticas do reformador Calvino
serviram de base para o moderno sistema econômico capitalista. Mas uma rápida
análise das propostas dos hereges reformadores nos permite verificar os
princípios do que viriam a se tornar mais tarde as ideologias que deram suporte
aos modernos Estados totalitários.
De Lutero a Karl Marx existe uma unidade de pensamento
que o filósofo alemão Eric Voegelin resumiu assim [1]:
< O mundano - político e o sagrado foram de tal modo
interpenetrados, o Estado e a Igreja de tal modo unificados que as oposições
entre o espiritual e o temporal aí se tornaram desprovidos de sentido >
Nesse processo o governante se torna o Sumo Pontífice de todas
as relações; do homem consigo mesmo, do homem com o outro e do homem com Deus.
Função que séculos depois Karl Marx vai atribuir ao Estado Comunista. Em que se
concentra todo o poder político e econômico. Um processo de Sacralização da Política que Voegelin
erroneamente classificou como gnóstica sendo antes panteísta e utópica.
No Brasil petista o governo é o provedor de todos os
bens, e no lugar da providência divina temos a previdência social, a Fome Zero
o Bolsa Família o ProUni e por aí vai.
***
Notas
[1] VOEGELIN,
Eric. As Religiões Políticas. Editora Universidade de Brasília, 1982, 2ª edição.
***
Essa coluna
esta sendo atualizada todos os domingos.
* Felipe
Marques Pereira é um escritor conservador. Católico leigo estudou na PUC/PR.
Para entrar em contato envie um e-mail para:
felipemarquespereira2015@outlook.com
Comentários