14 de Junho - São Basílio Magno, Confessor e Doutor
São Basílio, este grande doutor da Igreja,
nasceu em 330, na cidade de Cesaréia, na Capadócia,
como o mais velho de quatro irmãos, dos quais três alcançaram a
dignidade episcopal. De cinco irmãs, a mais velha, Macrina,
dedicou a sua vida a Deus.
Os pais
do nosso Santo, Basílio e Emélia, eram ricos
e gozavam de grande estima. Criança
ainda, Basílio foi acometido de grave doença, da
qual a oração do pai maravilhosamente o curou. Entregue aos
cuidados de sua avó, Macrina, recebeu Basílio as
primeiras instruções na prática cristã. Mais
tarde, começou os estudos em Cesaréia, contemplando o curso em Constantinopla
onde se ligou a São Gregório Nazianzeno em íntima amizade. Quando
voltou a Cesaréia, estava morto já o pai. O exemplo e
as palavras animadoras da avó Macrina,
confirmaram-lhe o desejo de abandonar o mundo e levar uma vida de penitência e
abnegação. Neste intuito, visitou diversos
eremitas no Egito, Síria, Palestina e Mesopotâmia, voltando para cesaréia
com disposição ainda maior de realizar esse plano. O
bispo Diânio, conferiu-lhe o leitorado. Diânio, embora fiel à
Religião Católica, por umas declarações feitas nos concílios de
Antioquia e Sárdica, fez com que a ortodoxia fosse posta em
dúvida. Basílio, profundamente entristecido com esse
fato e para não se expor e perder a fé, com
grande pesar se separou do bispo, a
quem dedicava grande amizade, e dirigiu-se para Ponto, onde
a santa mãe e uma irmã tinham fundado um convento para donzelas
cristãs.
Basílio,
imitando o exemplo, tornou-se fundador de um convento para homens,
cuja direção foi, mais tarde, entregue a seu irmão, São Pedro de
Sebaste. A essas duas fundações, seguiram-se outras e cresceu consideravelmente
o número de conventos no Ponto. Foi nesta época, em que Basílio
escreveu obras belíssimas sobre a vida religiosa, compôs a regra
da vida monástica, que até hoje é observada pelos monges da Igreja
Oriental.
São
Basílio assim se tornou o pai do monaquismo na Igreja
Oriental.
A vida de
São Basílio era regida por uma austeridade, que causava admiração a
todos. Ele, fundador da Ordem, era a regra
viva, dando a todos os religiosos o exemplo de todas as virtudes
monásticas. Era tão magro que parecia só pele e osso.
Aos 49 anos já era velho. Entretanto, fraco
de corpo, era um herói de
espírito.
O bispo
Diânio, estando gravemente enfermo, mandou chamar para perto de si o santo
amigo. Sucedeu-lhe no bispado Eusébio, de
quem Basílio recebeu o presbiterato, com
a ordem de pregar. Basílio continuou a
vida austera, como se estivesse no meio dos confrades.
Como, porém, a fama de
santIdade e sabedoria do santo servo de Deus, começasse a
incomodar e irritar ao bispo Eusébio, Basílio retirou-se
para a solidão. Não podiam ficar desapercebidos os
sentimentos rancorosos de Eusébio, o qual, intimado pelas
reclamações e ameaças do povo, tratou de reabilitar o
suposto êmulo. A insistente propaganda do Arianismo, a calamidade
pública, provocada por uma grande carestia, a
direção de diversos conventos de ambos os sexos, tornaram necessária e
imprescindível a presença de Basílio em
Cesaréia.
Os
serviços que naquela ocasião prestou à população, quer como
pregador, quer como confessor e esmoler,
foram tantos que o próprio bispo, de desafeto que era, se lhe tornou um
dedicado amigo e nada fazia, sem antes se aconselhar com
Basílio.
Eusébio
morreu em 370 e teve por sucessor Basílio, o qual, como
arcebispo de Cesaréia, veio a ser um astro luminoso da
Igreja Oriental. Cumpridor dos deveres episcopais, modelo
exemplaríssimo em todas as virtudes, era Basílio um baluarte fortíssimo do
catolicismo contra os contínuos e rudes ataques da heresia ariana,
cujos defensores mais ardentes e poderosos se achavam nas
imediações do imperador Valente, o qual, por sua vez,
era adepto fanático da seita. Valente não
podia de bons olhos, observar o desenvolvimento grandioso que
a arquidiocese de Cesaréia tomava, sob a direção do
santo pastor. Uma comissão imperial, chefiada pelo valente
capitão Modesto, seguiu com ordens especiais para Cesaréia, para por um
paradeiro à atividade apostólica de Basílio.
O êxito
dessa missão foi tão humilhante para os emissários, que maior não podia
ser. Com todas as instruções de que eram portadores, com todas
as lisonjas e ameaças, com todas as argumentações
sutis e sofísticas, não puderam impedir
que o espírito, a inteligência, a coragem e a
intrepidez do santo arcebispo, se mostrassem
de uma superioridade admirável. Em três audiências, para as
quais convidaram Basílio, este respondeu com tanta
mansidão, clareza e energia, que no relatório que apresentaram ao imperador,
confessaram redondamente a derrota.
Valente,
em conseqüência desse fracasso, não mais importunou os
católicos. Por ocasião da festa da Epifania foi ele mesmo a
Cesaréia assistir ao Santo Sacrifício celebrado por Basílio. Tão
admirado ficou da majestade e esplendor da santa
função que, embora não se atrevesse a
receber a Santa Comunhão das mãos do arcebispo,
foi com os fiéis fazer oferenda, a qual, aceita por Basílio
que, por motivos de prudência, julgou conveniente dispensar, por
esta vez, o rigor das leis disciplinares da
Igreja. Valente caiu em si e começou a tratar os
católicos com mais clemência e tolerância.
Não
estavam com isto de acordo alguns palacianos,
os quais lançando mão de todos os
meios, conseguiram, por fim, um decreto que
ordenava a expatriação de Basílio. No dia em que devia ser
executada a iníqua sentença, caiu gravemente enfermo
o único filho do imperador, e no estado de saúde da imperatriz se deram
manifestações alarmantes de perturbações sérias. Entre dores e
desesperos, dizia ela ao imperador que não havia dúvida tratar-se
de um justo castigo de Deus.
Basílio
foi reabilitado e com grandes honras recebido no palácio
imperial. Valente prometeu ao arcebispo a educação
do príncipe herdeiro na religião Católica, se lhe alcançasse Deus o
restabelecimento do mesmo. De fato, o príncipe sarou, mas o
imperador, não cumprindo depois a palavra, teve o desgosto de
perder o filho. Recomeçaram, então, as
maquinações contra Basílio. Estava lavrada a
ata, que ordenava o exílio do arcebispo. Três vezes, o imperador
se dispôs a dar-lhe assinatura e três vezes, quebrou-se-lhe a
pena. Assustado com este fato, Valente tomou do papel e, com a mão
trêmula, rasgou o documento. Nunca mais se abriu
campanha contra o santo.
Modesto
fez as pazes com Basílio. Um outro oficial,
Eusébio, que tinha dado ordem de prisão ao bispo,
retirou-a diante da atitude ameaçadora do povo, em defesa de seu
pastor.
À
tempestade, seguiu a bonança. Basílio pôde com tranqüilidade e
paz, dedicar-se aos trabalho do apostolado. O ano de 379
trouxe-lhe a recompensa do céu. As últimas palavras que disse,
foram: “Senhor, em vossas mãos restituo minha
alma”. Morreu com 49 anos de idade. Figura entre os
quatro grandes doutores da Igreja do Oriente.
Fonte: Página do Oriente
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