A tirania da igualdade. Notas sobre a divisão do trabalho
Felipe
Marques Pereira*
A
desigualdade é um dos motores da caridade e também da divisão do trabalho. Ela
foi objeto de reflexão do filósofo Platão que já observara que ninguém pode
executar de forma excelente várias atividades nem produzir com qualidade
diferentes bens se não direcionar sua aptidão para uma especialidade. Mas Karl
Marx, que trabalhou pouco e vivia pedindo dinheiro emprestado, acreditava que
na ditadura do proletariado a divisão do trabalho seria abolida e um gari
poderia ao mesmo tempo varrer a rua e governar o país.
Assim
como num organismo biológico os órgãos exercem determinadas e especificas
funções que o tornam membros de um corpo e que contribuem para a manutenção da
vida, a divisão do trabalho torna os indivíduos membros da sociedade.
Historicamente
a desigualdade das capacidades e habilidades humanas foi um dos fatores que
contribuiu para o desenvolvimento da divisão do trabalho, e de fato seria um
tirania exigir que indivíduos incapazes de exercer certas atividades fossem
obrigados a executá-las. É uma maldade, uma monstruosidade convencer as pessoas
de que elas são capazes de algo que elas não são, e é também sancionar a
ineficiência. É esse espírito que esta por trás das políticas trabalhistas do
PT, a chamada "inclusão no mercado de trabalho" e também as cotas de
todo o tipo, onde a cor da pele ou a orientação sexual é motivo de aprovação.
O
que seria de um país onde o "sonho" de Marx se concretizasse e um
gari varresse a rua e liderasse uma nação? Onde uma lavadeira esfregasse cuecas
sujas e comandasse o ministério da fazenda por exemplo? Obviamente um pesadelo.
Vamos
ouvir o santo padre Papa Leão XIII na Carta
IMMORTALE DEI (1885) falando sobre a Constituição
Cristã dos Estados e condenando os princípios do "Direito Novo" *:
["É a essa fonte que cumpre fazer remontar esses princípios
modernos de liberdade desenfreada, sonhados e promulgados por entre as grandes
perturbações do século último, como os princípios e fundamentos de um
"direito novo", até então desconhecidos e sobre mais de um ponto em
desacordo não somente com o direito cristão, mas com o direito natural. Eis aqui o primeiro de todos esses
princípios: todos os homens, já que são da mesma raça e da mesma natureza, são
semelhantes e "ipso facto", iguais entre si na prática da vida;
cada um depende tão bem só de si, que de modo algum está sujeito à autoridade
de outrem"] (OS NEGRITOS SÃO NOSSOS).
O
homem moderno é um ser social, não apenas um ser cujas necessidades materiais
não podem ser supridas caso vivesse em completo isolamento, mas também um homem
que não alcançou ou o pleno desenvolvimento de suas capacidades racionais e
perceptivas.
A
Santa Madre Igreja vê a o universo criado por Deus como profundamente desigual
e uma ordem só é possível num universo desigual. A hierarquia igualmente tem
como um de seus fundamentos a desigualdade.
Comunistas e liberais, se bem que com pretextos diferentes, fazem
eco das palavras de Satanás ao proporem a igualdade:
“Porque Deus sabe que no dia
em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o
bem e o mal” (GN 3:4-5)
***
Essa coluna esta sendo atualizada todos os domingos.
* Felipe Marques Pereira é um escritor conservador. Católico leigo estudou na PUC/PR. Para entrar em contato envie um e-mail para:
felipemarquespereira2015@outlook.com
*http://w2.vatican.va/content/leo-xiii/pt/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_01111885_immortale-dei.html
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