Teologia Ascética e Mística: Da natureza do Mérito


Dois pontos que importam fazer compreender: 1º o que é mérito; 2º Como são meritórias as nossas ações.

O QUE É MÉRITO

Mérito em geral, é um direito a uma recompensa. O mérito sobrenatural, de que aqui se trata, será pois, o direito a uma recompensa sobrenatural, isto é, a uma participação da vida de Deus, à graça e a glória. E, como Deus não é obrigado  a nos fazer participar de sua vida, será necessária uma promessa de sua parte, para nos conferir um verdadeiro direito a essa recompensa sobrenatural. Pode-se, pois, definir o mérito sobrenatural: um direito a uma recompensa sobrenatural que resulta de uma obra sobrenaturalmente boa, feita livremente para Deus, e duma promessa divina que afiança essa recompensa.


Distingue-se duas espécies de mérito: a) o mérito propriamente dito (que se chama de condigno), ao qual a remuneração é devida  em rigor de justiça, porque há certa igualdade ou proporção real entre a obra  e a retribuição; b) o mérito de conveniência (de conguo), que não se funda em estrita justiça, senão em grande conveniência, visto a obra não ser, senão em reduzida escala, proporcionada com o galardão. Para dar desta diferença uma idéia aproximada, pode-se dizer que o soldado que se denodadamente no campo de batalha tem direito estrito ao soldo de guerra, mas somente direito de conveniência a uma citação na ordem do dia ou a uma condecoração.


O Concílio de Trento ensina que as obras dos homens justificado mereceram verdadeiramente um aumento de graça, a vida eterna, e se morrer neste estado, a consecução da glória.


Relembremos sumariamente as condições gerais do mérito. A) A obra para ser meritória, deve ser livre; é claro que quem opera constrangido ou necessitado, não tem necessidade moral dos próprios atos. B) Deve ser sobrenaturalmente boa, para estar em proporção da recompensa. C) Tratando-se do mérito propriamente dito, deve ser praticado em estado de graça que faz habitar e viver Cristo em nossa alma e nos tornar participantes do mérito. D) Durante a nossa a vida mortal ou viadora, pois que Deus sabiamente determinou que, após um período de provação em que podemos merecer ou desmerecer, chegássemos ao termo onde ficaremos para sempre fixados no estado em que a morte nos colher. – A estas condições da parte do homem junta-se da parte de Deus a promessa que nos dá um direito verdadeiro à vida eterna; é que, na verdade, segundo São Tiago, “o justo recebe a coroa de vida que Deus prometeu aos que o amam”. (Tiago 1, 12).

(Fonte: Compêndio de Teologia e Ascética e Mística - AD. Tanquerey - 1961)

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