Catecismo Romano: Da parte dos Sacramentos (Parte IX)

O ministro indigno: Se pretendemos também testemunhos da Escritura, ouçamos as próprias palavras do Apóstolo: "Eu plantei, diz ele, Apolo regou; mas quem fez crescer foi Deus. Por isso, o que vale não é quem plantou, nem quem rega, mas Deus dá o crescimento" (1Cor 3, 6ss). Desta passagem se infere, com bastante fundamento, que, assim como as árvores não empece a maldade daqueles que as plantaram: assim também não contraem nenhum dano próprio os que foram incorporados em Cristo, pelo ministério de homens indignos e pecadores.

Por esse motivo, como os santos padres deduziram do Evangelho de São João (Jo 4, 2), Judas Iscariotes também batizou muitas pessoas, e não lemos que nenhuma delas tenham sidos batizadas novamente. Santo Agostinho teve, a respeito, estas belas considerações: "Judas batizou, e depois de Judas não se fez novo batismo. João batizou, e depois de João foi rebatizado, porque o batismo ministrado por Judas era batismo de Cristo, e o batismo de João (Batista) era simplesmente batismo de João. Isto não é preferir Judas a João. Com razão preferimos o batismo de Cristo - ainda que dado pelas mãos de um Judas - o batismo de João (Batista), embora seja conferido pelas mãos de João".

Deveres dos ministros: Ouvindo tais verdades, não cuidem os párocos, e outros ministros dos sacramentos, que basta só atenderem ao modo de ministrá-los validamente, pondo de partes a correção de costumes e a pureza da consciência. Sem dúvida, é necessário atender cuidadosamente as condições de validade, mas nisso não está tudo quanto pertence ao exercício de tal mistério.

Sancta Sancta.... Continuamente, devem eles lembrar-se de que por si o Sacramentos nunca perdem a virtude divina, que lhes é inerente; mas que acarretam a ruína e a morte eterna de quem os ministra com a consciência pervertida. Força é inculcar e repetir sempre de novo: Coisas santas só devem ser tratadas com santo respeito.

No Profeta lemos a seguinte passagem: "Ao pecador disse Deus: Porque falas tu dos meus preceitos, e tomas a minha aliança na tua boca? Na realidade, tu tens ódio a disciplina" (Sal 49, 16). Ora, se o homem metidos em pecados não convém que se possa falar das coisas divinas, quão nefando não será o crime de quem consciência de muitos pecados, e ainda se atreve a consumar os santos mistérios com lábios impuros, ou tocá-los ou distribuí-los a outrem com a mão abominável? São Dinís escreve que aos maus não é permitido sequer tocas os símbolos". Assim é que ele chamava os sacramentos.

Por conseguinte, é mister que os ministros dos sacramentos se consagrem, antes de tudo, a prática da santidade. Preparem-se para administrar os sacramentos na pureza de consciência. Exerçam de tal modo a piedade, que com o favor de Deus possam, pelo trato e frequência dos santos mistérios, alcançar dia por dia graças cada vez mais abundantes.

(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)

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