A natureza do inferno


Felipe Marques Pereira*

Foi o autor da beleza que criou todas as coisas. E pela beleza e formosura das criaturas podemos visivelmente chegar ao conhecimento do criador. Deus é simples e sem composição, nele, verdade, bem e beleza se identificam. Como em todo o efeito encontramos, em menor grau, as qualidades da causa, assim, nas coisas criadas encontramos o reflexo da verdade, bondade e beleza de Deus. Podemos encontrar o reflexo das qualidades infinitas de Deus, no finito das criaturas. Jesus Cristo, por exemplo, usava coisas do cotidiano do público para os quais ele ensinava e para se fazer compreendido, comparando o reino dos céus com um grão de mostarda.

Existe um valor simbólico nas criaturas. O fogo é um símbolo de destruição, algo que consome. As Sagradas Escrituras falam com frequência do “fogo do inferno”.

Deus criou os céus e a terra "no principio". Estamos dentro do tempo que como uma linha dividida entre antes e depois de Cristo, terminara com o "fim dos tempos". Quando o próprio tempo linear, - uma sucessão de instantes mutáveis - será "absorvido" na eternidade. Sendo o propósito da vida amar a Deus para adorá-lo na eternidade, devemos sempre nos perguntar onde queremos passar a eternidade?

Com o fim da Idade Média nossa civilização perdeu o senso do sobrenatural e uma pergunta como essa já não faz nenhum sentido para o homem comum. Suas aspirações estão voltadas para o mundo natural e toda a esperança reside na técnica, na tecnologia ou nas ciências (econômicas, sociais etc.). Em substituição a vida eterna o homem busca melhorar e prolongar a vida quem sabe alcançando até a imortalidade. A punição dos maus e a recompensa dos justos foram substituídas pelas modernas ideologias milenaristas que prometem um paraíso terreno, como é o comunismo, fascismo e o nazismo. A pena civil da prisão perpétua por exemplo, é uma metáfora do inferno e para a sorte do condenado o arrependimento já não produz nenhuma esperança de libertação.

São Tomas explica que a pena do inferno é eterna porque os pecados são contra Deus, que é infinito. Uma ofensa é tanto mais grave quanto maior for a dignidade do ofendido, Deus tendo mérito infinito e sendo o ser humano finito, por tanto incapaz de alguma qualidade infinita, não pode por seus próprios méritos obter o perdão. Santo Agostinho se referia ao inferno como sendo a sujeição do espírito a um fogo material. Sujeição de um espírito caído, privado de movimento.

Os nossos santos não conheciam a missa universalista da CNBB que diz que "Cristo se entregou por todos", heresia que prega que cada um pode ficar na sua, porque no final serão todos salvos mesmo. Eu não li todos, mas quase todos os chatos documentos do CVII e a palavra inferno não aparece em nenhum deles. O CVII aposentou Satanás e interditou o inferno.

A doutrina de sempre, em contraste com a doutrina do nunca conciliar, professa a existência do inferno.

Vamos encerrar com a leitura alguns parágrafos do Catecismo de São Pio X a respeito **:

<<248. Em que consiste a desgraça dos condenados?
A desgraça dos condenados consiste em serem para sempre privados da visão de Deus, e punidos com tormentos eternos no Inferno.

249. Por ora, são só para as almas os bens do Paraíso e os males do Inferno?
Os bens do Paraíso e os males do Inferno, por ora, são só para as almas, porque por enquanto só as almas estão no Paraíso ou no Inferno; mas, depois da ressurreição da carne, os homens, na plenitude da sua natureza, isto é, em corpo e alma, serão ou felizes ou infelizes para sempre.>>

***
Essa coluna esta sendo atualizada aos domingos, segundas ou terças-feiras.

 * Felipe Marques Pereira é um escritor conservador. Católico leigo estudou na PUC/PR.

Para entrar em contato envie um e-mail para:

felipemarquespereira2015@outlook.com


**http://www.filhosdapaixao.org.br/doutrina/catecismos/catecismo_maior_pio_x/catecismo_14.htm


Comentários

POSTAGENS MAIS ANTIGAS