05 de Maio - São Pio V, Papa e Confessor
Pio V nasceu em 1504 em Bosco, Itália, de nobre família Ghislieri. No santo
Batismo deram ao filho o nome de Miguel. Menino ainda, deu Miguel indício de
vocação sacerdotal, distinguindo-se sempre por uma piedade pouco vulgar.
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Seguindo a
sua inclinação, entrou na Ordem de S. Domingos, na qual ocupou diversos cargos
de Superior. Igualmente distinto em santidade como em ciência, foi Miguel
nomeado inquisidor, cargo este que desempenhou com grande competência. Muitas
cidades e regiões inteiras lhe devem terem ficado livres da peste de
heresia.
Reconhecendo-lhe o valor e os grandes méritos, o Papa Pio IV conferiu-lhe a
dignidade de Bispo e Cardeal da Igreja Católica. O conclave, reunido por ocasião
da morte de Pio IV, elevou-o ao pontificado.
Como Papa,
desenvolveu Pio V uma atividade admirável, para o bem da Igreja de Deus sobre a
terra. Foi um pontificado dos mais abençoados. Exemplaríssimo na vida
particular, ardente de zelo pela glória de Deus e a salvação das almas, possuía
Pio V as qualidades necessárias de um grande reformador. É impossível resumir em
poucas linhas o que este grande Papa fez, pela defesa da verdadeira fé, pela
exterminação das heresias e pela reforma dos bons costumes na Igreja toda.
Incansável mostrou-se em restabelecer a disciplina eclesiástica, em defender os
direitos da Santa Sé, em remover escândalos, erros e heresias, em particular a
causa dos oprimidos e necessitados. Cumpridor consciencioso do dever, não se
fiava na palavra de outros, quando se tratava do governo de Igreja ou da
disciplina. Ele mesmo, em pessoa se informava, queria ver, ouvir para depois
formar opinião própria e resolver os casos em questão. De máximo rigor usava
contra a imoralidade pública; prostitutas queria ele que fossem enterradas, não
no cemitério, mas no esterquilínio. Deu leis severas contra o jogo e proibiu as
touradas, como contrárias à piedade cristã. Em 1566 publicou o “Catecismo
Romano”, obra importantíssima sobre a doutrina católica. Deve-lhe a Igreja
também a organização oficial e definitiva do Breviário e do Missal.
Não só mandou
embaixadores a todas as cortes cristãs européias, mas, por sua ordem, muitos
homens percorreram a França, os Países Baixos, a Alemanha e a Inglaterra em
defesa da fé católica, que seriamente periclitava, principalmente naqueles
países.
Infelizmente
sua campanha contra Isabel, rainha da Inglaterra, cuja destronização chegou a
decretar sem podê-la tornar efetiva, causou muitos sofrimentos e perseguições
aos católicas ingleses. A Companhia de Jesus, cuja fundação é contemporânea
desse pontificado, achou em Pio V um grande protetor.
Ameaçava
grande perigo à Igreja, como à Europa toda, da parte dos turcos, cujo imperador
jurara exterminar a religião cristã. Pio V envidou todos os esforços, fez valer
toda sua influência junto aos príncipes cristãos para conjurar essa desgraça
iminente. Para obter de Deus que abençoasse as armas cristãs, ordenou que se
fizessem, em toda a parte da cristandade, preces públicas, particularmente o
terço, procissões, penitência. Paralelamente, em 1570, os otomanos, de notável poderio militar,
apoderaram-se do Santo Sepulcro em Jerusalém e não permitiam a visita dos
cristãos. O próprio Papa, em pessoa,
tomou parte nesses exercícios extraordinários, impostos pela extrema
necessidade. Organizou uma Cruzada, cujo comando entregou a Dom João da Áustria,
que era irmão de Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano. Aconteceu
a Batalha Naval no Golfo de Lepanto. A armada turca, com poderio militar que
ultrapassava o dobro dos navios dos cruzados, incidiu ferozmente para destruir
os cristãos. Os chefes cruzados ajoelharam e suplicaram a intercessão de Nossa
Senhora. Por intercessão de Maria Santíssima, foram inspirados pelo Espírito
Santo a rezar o Terço como única forma de enfrentar e vencer o inimigo e assim o
fizeram. O êxito foi glorioso. A vitória dos cristãos em Lepanto (1571) foi
completa. As festas de Nossa Senhora da Vitória e do SS. Rosário perpetuam até
hoje a memória daquele célebre fato. No momento em que a batalha se decidia a
favor dos cristãos, teve o Papa, por revelação divina, conhecimento da vitória e
imediatamente convidou as pessoas presentes a dar graças a Deus. Era seu plano
organizar uma nova campanha contra os turcos, mas uma doença dolorosa não lho
permitiu pô-la em execução. A doença era
o prenúncio da morte, para a qual Pio se preparou com o maior cuidado. Quando as
dores ( causadas por cálculos renais) chegavam ao auge, exclamava o doente:
“Senhor ! aumentai a dor e dai-me paciência !”. Mandou que lhe lessem trechos da
Sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor, e continuamente se confortava com a
citação de versos bíblicos e jaculatórias, até que a morte lhe pôs termo à vida,
tão rica em trabalhos, sofrimentos e glórias. Antes, porém, havia instituído,
como agradecimento pela vitória em Lepanto, a festa de Nossa Senhora das
Vitórias. (Dois anos mais tarde, o Papa Gregório XIII, seu sucessor, lembrando
que a vitória de Lepanto foi mais uma vitória do Rosário, mudou o nome da festa
para Nossa Senhora do Rosário.)
Pio V morreu
em 15 de maio de 1572, tendo seu pontificado durado seis anos e três meses. Não há virtude que este grande Papa não tenha
exercitado. Todos os dias celebrava ou ouvia a Santa Missa, com o maior
recolhimento. Terníssima devoção tinha a Jesus Crucificado. Todas as orações
fazia aos pés do Crucificado, os quais inúmeras vezes beijava.
Certa vez que
ia beijá-los, conforme o costume, a imagem retirou-se, salvando-o assim de morte
certa. Pessoa má tinha-os coberto de um pó levíssimo e venenoso. Numa
quinta-feira Santa, quando realizava a cerimônia do “Mandatum”, entre os doze
pobres havia um, cujos pés apresentavam uma úlcera asquerosa. Pio, reprimindo
uma natural repugnância, beijou a ferida com muita ternura. Um fidalgo inglês,
que viu este ato, ficou tão comovido, que, no mesmo dia, se converteu à Igreja
Católica.
Pio era tão
amigo da oração, que os turcos afirmaram ter mais medo da oração do Papa, do que
dos exércitos de todos os príncipes unidos. À oração unia rigor contra si mesmo:
a vida era-lhe de penitência contínua. ‘Três vezes somente por semana comia
carne e ainda assim em quantidade diminutíssima.
Grande amor
mostrava aos pobres e doentes. Entre os pobres, gozavam de preferência os
neófitos. Pouco aproveitavam os parentes. Quando, em certa ocasião, alguém lhe
lembrou de subvencionar mais os parentes, Pio respondeu: “Deus fez-me Papa para
cuidar da Igreja e não de meus parentes”.
Seguindo o
exemplo do divino Mestre, perdoava de boa vontade aos inimigos e ofensores.
Nunca se lhe ouviu da boca uma palavra áspera.
Pio empregava
bem o tempo. Era amigo do trabalho e todo o tempo que sobrava da oração,
pertencia às ocupações do alto cargo. Alguém lhe aconselhara que poupasse mais a
saúde, e tomasse mais descanso. Pio respondeu-lhe: “Deus deu-me este cargo, não
para que vivesse segundo a minha comodidade, mas para que trabalhasse para o bem
dos meus súditos. Quem é governador da Igreja, deve atender mais às exigências
da consciência que às do corpo”.
Pio V foi
canonizado por Clemente XI. O corpo descansa na Igreja de Santa Maria Maggiore.
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