Nossa Senhora do Sábado: Nossa Senhora da Apresentação
Tudo que sabemos da apresentação de Nossa Senhora no templo, sabemo-lo por
lendas e informações extra-bíblicas
(principalmente pelo proto-Evangelho de Tiago), o que não quer dizer que o
assunto da festa careça de probabilidade
histórica. Segundo uma piedosa
lenda, Maria Santíssima, tendo apenas três anos de idade, foi pelos pais, em cumprimento de uma promessa, levada
ao templo, para ali, com outras meninas,
receber educação adequada à sua idade
e posição. A Igreja oriental distinguiu este fato com as
honras de uma festa litúrgica. A Igreja ocidental conhece a comemoração da
Apresentação de Nossa Senhora desde o século VIII. Estabelecida primeiramente pelo Papa Gregório
XI, em 1372, só para a corte papal, em Avignon, em 1585, Sixto V ordenou que
fosse celebrada em toda a Igreja.
Que
espírito, tanto nos santos pais como na santa menina! Que espetáculo para o céu e para os homens! O
que encanta a Deus e lhe atrai a graça, em toda a plenitude edifica e enleva
a todos que se ocupam deste mistério na
vida de Nossa Senhora. Poderá haver coisa mais bela que a piedade, o
desprendimento completo no serviço do Senhor?
Assim foi
santíssima a vida de Maria no templo. O Divino Espírito Santo
lapidou o coração e o espírito da
esposa, mais do que qualquer outra criatura. Maria poderia aplicar a si as palavras contidas no Eclesiástico: “Quando ainda era pequena, procurei a
sabedoria na oração. Na entrada do templo instava por ela... Ela floresceu como
uma nova temporã. Meu coração nela se alegrou e desde a mocidade procurei
seguir-lhe o rastro”.
A
Apresentação de Nossa Senhora encerra dois sacrifícios: A dos pais e da menina
Maria. Diz a lenda que Joaquim e Ana
ofereceram a Deus a filhinha no templo, quando esta tinha três anos. Sem dúvida,
foi para estas santas pessoas um sacrifício muito grande separar-se da filhinha
que se achava numa idade em que há
pais que queiram confiar os filhos a mãos estranhas. Três anos é a idade em
que a criança já recompensa de
algum modo os trabalhos e
sacrifícios dos pais, formulando palavras e fazendo já exercícios mentais que encantam e divertem, dando ao mesmo tempo
provas de gratidão e amor filiais.
São Joaquim e Santa Ana não teriam experimentado o sacrifício em toda a
sua amargura? O coração dos amorosos
pais não teria sentido a dor da
separação? Que foi que os levou a fazer tal sacrifício? A lenda fala de um voto que tinham feito.
Votos desta natureza não eram raros no
Antigo testamento. As crianças
eram educadas em colégios anexos
ao templo, e ajudavam nos múltiplos serviços e
funções da casa de Deus. Não
erramos em supor que Joaquim e Ana, quando levaram a filhinha ao templo,
fizeram-no por inspiração sobrenatural, querendo Deus que sua futura esposa e
mãe recebesse uma educação e instrução
esmeradíssima.
Grande
era o sacrifício de Maria. Não resta dúvida que para Maria, a criança entre
todas as mais privilegiada, a cerimônia
da apresentação significava mais que a
entrada no colégio do templo. Maria
reconhecia em tudo uma solene
consagração da vida a Deus, a
oferta de si mesma ao Supremo Senhor. O
sacrifício que oferecia, era a oferta das primícias, e as primícias, por mais
insignificantes que sejam, são
preciosas por serem uma demonstração da
generosidade do ofertante, e uma homenagem a quem as recebe. Maria ofereceu-se sem reserva, para
sempre, com contentamento e júbilo. O
que o salmista cantou, cheio de
entusiasmo, traduziu-se na alma da bem-aventurada menina: “Quão amáveis são os teus tabernáculos,
Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e
desfalece pelos átrios do
Senhor” . E entrarei junto ao altar
de Deus; do Deus que alegra a minha mocidade.

A vida de
Maria Santíssima no templo foi a mais
santa, a mais perfeita que se pode imaginar. O templo era a casa de Deus e na proximidade de Deus se
sentia bem a bela alma em flor.
“O passarinho acha casa para si e a rôla ninho nos altares do Senhor
dos Exércitos, onde um dia é melhor que mil nas tendas dos pecadores” . Santo era o lugar onde Maria vivia. Era o
templo onde os antepassados tinham feito orações, celebrado as festas; era o
templo onde se achava o santuário do Antigo testamento, a arca, o trono de Deus
no meio do povo; era o templo afinal, de que as profecias diziam que o Messias nele devia fazer
entrada.
Naquele templo a menina Maria rezava e se preparava
para a grande missão que Deus lhe tinha reservado. “Como os
olhos da serva nas mãos da Senhora, assim os olhos de Maria estavam fitos
no Senhor seu Deus”. Segundo uma
revelação com que Maria agraciou a Santa Isabel de Turíngia todas as orações
feitas naquele tempo se lhe resumiram no seguinte: 1) alcançar as virtudes da humildade,
paciência e caridade; 2) conseguir amar
e odiar tudo que a Deus tem amor ou
ódio; 3) amar o próximo e tudo que lhe
é caro; 4) a conservação da nação e do
templo, a paz e a plenitude das graças de Deus e 5) finalmente ver o Messias
e poder servir a sua santa Mãe.
Maria era
o modelo de obediência, amor e respeito
para com os superiores de caridade e
amabilidade para com as
companheiras. Tinha o coração alheio à antipatia, à rixa, ao azedume e ao
amor próprio. Maria era uma menina humilde, despretensiosa e amante do trabalho. Com afã lia e estudava os
Santos Livros.
Como as
meninas do Colégio do templo se ocupavam
de outros trabalhos concernentes ao serviço santo, é provável que
Maria tenha recebido instruções sobre
diversos trabalhos, como fossem:
Pintura, trabalhos de agulha,
canto e música. É opinião de muitos que o grande véu do templo, que na hora da morte de Jesus
se partiu de alto a baixo, tenha sido confeccionado por Maria Santíssima e as companheiras.
É de
admirar que Maria, assim amparada pelos cuidados humanos e divinos, progredisse
de virtude em virtude? De Nosso Senhor o
Evangelho constata diversas vezes esta circunstância. Como Jesus, também Maria cresceu em graça
e sabedoria diante de Deus e dos homens.
Este crescimento a Igreja contempla-o em
imagens grandiosas traçadas no Livro do
Eclesiástico: “Sou exaltada qual
cedro no Líbano, e qual cipreste no monte Sião. Sou exaltada qual palma em Cedes
e como rosais em Jericó. Qual oliveira especiosa nos campos e qual plátano, sou exaltada junto da água nas
praças. Assim como o cinamomo e o bálsamo que difundem cheiro, exalei
fragrância; como a mirra escolhida
derramei odor de suavidade na minha habitação;
como uma vide, lancei flores| de um agradável perfume e as minhas flores são frutos de honra e de honestidade”. Nunca houve mocidade tão santa e
esplendorosa como a de Maria
Santíssima. Outra não poderia ser, devendo Maria preparar-se para a realização
do mistério dos mistérios; da Encarnação
do Verbo Eterno.
Fonte: Página do Oriente
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