Teologia Ascética e Mística: Da luta contra o mundo (Parte III)

Santos Apóstolos Pedro e Paulo
O Remédio para resistir a esta corrente perigosa, é necessário colocar-se corajosamente em frente da eternidade, e olhar o mundo a luz da fé. Então aparecerá ele como inimigo de Jesus Cristo, que é preciso combater energicamente, para salvar a alma, e como teatro de nosso zelo, aonde devemos levar as máximas do Evangelho. 

Já o mundo é inimigo de Jesus Cristo, devemos tomar uma posição diametralmente oposta ás máximas  e exemplo do mundo, repetindo-nos muitas vezes o dilema de São Bernardo: "Ou Cristo se engana ou o mundo erra; ora, é impossível que a Sabedoria Divina se engane. Visto que há oposição manifesta entre o mundo e Jesus Cristo: é absolutamente necessário escolher posição, porque ninguém pode servir dois senhores ao mesmo tempo. Ora Jesus é a Sabedoria infalível; é pois, Ele que tem as palavras da vida eterna, e o mundo que se engana. A nossa escolha, pois, bem depressa será feita: porquanto diz São Paulo; nós não recebemos o Espírito deste mundo, mas o Espírito de Deus (I Cor 2, 12). Querer agradar o mundo, acrescenta ele, é querer desagradar a Jesus Cristo (Gal 1, 1). E São Tiago acrescenta: "Quem quer ser amigo do mundo, tornar-se inimigo de Deus" (Tg 4, 4). Por conseguinte na prática.

Ler e reler o evangelho, dize a nós mesmos que é a eterna verdade quem nos fala, e rogando aquele que o inspirou, nos faça compreender, gostar e praticar as suas máximas: é assim que somos verdadeiros cristãos e discípulos de Cristo. Quando lemos pois, ou ouvimos as máximas contrárias ao evangelho, dígamo-nos corajosamente: é falso pois, é oposto da infalível verdade.

Evitar as ocasiões perigosas, que por demais se encontram no mundo. É certo que aqueles que não vivem no claustro, são obrigados a conviver com o mundo numa certa medida; mas devem-se preservar do espírito do mundo. Vivendo no mundo como se não fossem deste mundo; pois que Jesus rogou a seu Pai para que não tirassem seus discípulo deste mundo, senão que os preservassem do mal (João 17). E São Paulo quer que usemos do mundo, como se dele não usássemos (2Cor 7, 31).

É o que devem fazer sobretudo os eclesiásticos; como São Paulo, devem poder dizer que estão crucificados para o mundo, como o mundo está crucificado para eles (Gál 6,14). O mundo sede da concupiscência, não pode ter encanto para nós; não pode inspirar-nos senão repulsão. Assim como somos para ele objeto de repulsa, porque o nosso caráter e o nosso hábito é uma condenação dos seus vícios. Devemos, pois, evitar as relações puramente mundanas, em que estaríamos deslocados. Já se entende que temos que fazer e receber visitas de cortesia, de negócios e sobretudo de apostolado; mas essas visitas serão curtas, e não esquecermos o que se diz de Nosso Senhor depois da sua ressurreição, a saber, que Ele já não fazia a seus discípulos senão raras aparições, e essas eram para completar a sua formação  e falar-lhes do Reino de Deus. (Atos 1, 3)

(Fonte: Compêndio de Teologia e Ascética e Mística - AD. Tanquerey - 1961)

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