Catecismo Romano: Da parte dos sacramentos (Parte IV)


A "coisa sagrada" por ele designada: A santificação da Alma: Como os sinais são múltiplos, pelo que acabamos de ver, assim também a "coisa sagrada" pode ter vários sentidos. Na definição de sacramento, por "coisa sagrada" entendem os teólogos a graça de Deus, que nos santifica e nos reveste com o hábito de todas as virtudes sobrenaturais. Com razão concordam em darem, a esta graça, o nome de "coisa sagrada", visto que por sua mediação a nossa alma se consagra e se une a Deus.

Para chegarmos a uma definição mais explícita, devemos dizer que o Sacramento é uma coisa sensível que, por instituição divina, tem em si não só a virtude de significar, mas também de produzir a santidade e a justiça.

Por conseguinte, todos convirão que as imagens de santos, as cruzes, e outros objetos semelhantes, são sinais de coisas sagradas, mas nem por isso podem,(por definição), chamar-se de sacramentos.

Mediante qualquer sacramento:Seria rápido aferir a justeza de nossa definição pelo exemplo de todos os sacramentos, averiguando-se neles se opera um processo análogo ao que já vimos antes no Batismo. Dizíamos então que a ablução sacramental do corpo era, ao mesmo tempo, sinal e causa eficiente de "coisa sagrada" que, interiormente, se produzia pela virtude do Espírito Santo. 

Outro caráter importante destes sinais místicos, obras de Deus, é que foram instituídos para significar não só uma coisa, mas também várias outras ao mesmo tempo.

A Paixão de Cristo como causa eficiente de toda Santidade: E de notar, por exemplo, que cada um dos sacramentos exprime não só a nossa santificação e justificação,mas também dois fatos inteiramente ligados à própria santificação: A paixão de nosso Redentor, que é causa (eficiente) de toda a santidade, bem como a vida eterna e a bem-aventurança do céu, que são uma finalidade de nossa santificação. 

Ora, como esta (dupla) relação é visível em todos os sacramentos, os teólogos ensinam acertadamente que em cada sacramento existe uma tríplice virtude de significados. Em primeiro lugar, cada qual recorda um fato pretérito; depois, assinala e mostra um fato presente (nossa santificação); por último, anuncia um fato vindouro (vida e bem-aventurança eterna).

Ninguém julgue, todavia, que se trata aqui de uma opinião teológica, sem mais prova das Sagradas Escrituras. Quando diz, por exemplo: "Nós que fomos batizados em Cristo, fomos batizados em sua morte (Rom 6,3) - o Apóstolo prova, a luz meridiana, ser o Batismo um sinal que nos recorda a Paixão e Morte de Nosso Senhor.

Se depois acrescenta: "Pelo batismo fomos com Ele sepultados na sua morte; para que, assim como Cristo ressuscitou, da morte pela glória do Pai, assim vivamos nós também uma vida nova." (Rom 6,4); - vê-se nessas palavras que o Batismo é um sinal que simboliza a infusão da graça santificante em nossas almas, (dessa graça) que nos dá a possibilidade de começar uma vida nova, e de cumprir, com facilidade e alegria, todos os deveres da verdadeira religião.

Finalmente, quando observa: "Se fomos enxertados n'Ele pela semelhança pela semelhança com sua Morte, sê-lo-emos pela semelhança também pela semelhança  com sua Ressurreição" (Rom 6,5). - é porque no Batismo há uma insinuação  muito evidente da vida eterna, que por ele devemos de alcançar.(Jo 3,5; Mc 16,16; Col 2,12;Tit 3, 4,7)

Além destes modos de significar, conforme os deixamos indicados, acontece as vezes que um sacramento pode ser sinal não só de uma,mas também de várias coisas presentes, como facilmente verificamos, tal é o caso do Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Quem lhe considera a natureza, verá que assinala a presença do verdadeiro Corpo e Sangue de Nosso Senhor, e ao mesmo tempo a graça destinada aos que recebem os Sacrossantos Mistérios, com toda a pureza do coração.

Valendo-se da presente exposição, os pastores já não terão falta de provas para mostrarem aos fiéis, que nos sacramentos da nova lei, se encerra toda a grandeza do poder divino e uma infinidades de ocultos milagres. Destarte, porém facilmente convencer todos os fiéis da obrigação de venerarem  e receberem os Sacramentos, com a mais acendrada piedade.

(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)

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