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Papa João XXIII |
As Liturgias ocidentais usam a língua latina. Somente algumas dioceses da
Iugoslávia têm a Liturgia romana em versão eslávica antiga, impressa com letra
especial, a glagolítica. A respeito da origem das Liturgias ocidentais escreve
o Mapa Inocêncio I (419) numa carta: "E' manifesto que ninguém em toda a
Itália, Gália, Espanha, África e ilhas adjacentes fundaram igrejas, senão as
que o apóstolo Pedro ou seus sucessores estabeleceram como bispos. Daí se segue
que estes têm de guardar o que guarda a Igreja romana, da qual, sem dúvida,
tiram sua origem." (Eisenhofer, p. 31-39; Gatterer. Ano. lit. p. 31.)
1. A
Liturgia galicana, hoje fora de uso, estava muito espalhada antes de Carlos
Magno. Chama-se galicana por Causa de seu emprego geral na França (Gália).
Assemelha-se em
vários pontos às
Liturgias orientais; na sua essência, porém, parece rito romano. O s .
elementos gregos explicam-se mormente pela influência da Liturgia de Milão. Foi
abolida l,o r Carlos Magno.
2. A
Liturgia Ambrosiana, denominada de S. Ambrósio, bispo de Milão, parece também
de origem romana com elementos gregos. Estes explicam-se pela presença e
influência dos gregos em Milão; foi esta cidade por algum tempo residência
imperial e sé de um bispo ariano, Auxêncio, natural da Capadócia (séc. IV).
3. A
Liturgia moçarábica tem o seu nome dos moçárabes (assim se chamaram os cristãos
debaixo do domínio dos árabes na Espanha). A sua Liturgia estava em vigor no
reino dos visigodos. Está infiltrada de elementos galicanos. Temendo os papas
pela pureza e união da doutrina católica, procuraram introduzir o rito romano.
Grande foi a resistência. Gregório VII, auxiliado pelos príncipes dos reinos
cristãos, conseguiu vencê-la. O rito romano foi admitido com grande pompa pela
primeira vez no convento de S. João de La Pena, no dia 20 de março de 1071, na
presença do legado pontifício Hugo Cândido, do rei D. Sancho Ramirez, dos
bispos e de toda a corte. A Liturgia moçarábica conservou-se somente no reino
arábico de Granada. Com a conquista desta cidade parecia extinta. Mas o cardeal
Ximenes mandou imprimir um missal e um breviário moçárabe e fundou um colégio
de sacerdotes encarregados de celebrar numa capela da catedral de Toledo missa
e - ofício em rito moçárabes. Fundação semelhante foi feita por Rodrigo de
Talavera na catedral de Salamanca. Em Toledo existem ainda duas paróquias moçárabes:
a das Ss. Justa e Rufina e a de S. Marcos. Algumas outras Liturgias conhecemos
só em fragmentos, ex., a céltica na Gália, a africana na África do Norte.
Conforme relata Durandus (V,
c. 2, n. 5), coagiu todos os clérigos com ameaças e suplícios a observar a
Liturgia gregoriana (romana) e a queimar os livros da Liturgia Ambrosiana
(galicana). Razão principal teria sido que a Liturgia ambrosiana instituía
muitas coisas segundo o rito grego. O papa Adriano I ordenou que a Liturgia
romana fosse observada por toda parte. Esta notícia corresponde à situação
política. Tanto o papa como Carlos Magno queriam diminuir a influência grega no
Ocidente. Por isso Carlos exigia que os sacerdotes fossem examinados, para ver
se sabiam de cor e entendiam as orações da missa segundo o missal romano.
(Conc. Aq. 802; Hefele K. G_ Ill , p. 744.)
Eugênio IV mandou ao cardeal Branda de
Castiglione que introduzisse em Milão a Liturgia romana. Mas o povo, muito
apegado a seu rito costumado, exasperou-se tanto que o cardeal viu-se obrigado
a fugir às pressas. Ainda é vigente na diocese, de Milão e nalgumas dúzias de
paróquias das dioceses de Bérgamo, Novara, e do Cantão Ticino (Suíça).
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