Liturgia Católica II: Natureza da Liturgia
No principio dos seus Exercícios Espirituais, S. Inácio de Loiola define com poucas palavras o dever
do homem para com o seu Criador. "O homem foi criado para louva a Deus Nosso Senhor, prestar-Lhe reverência e
servi-Lo e, fazendo isto, salvar a sua alma. A outras coisas na terra
foram criadas por causa do homem e para ajudá-lo na consecução do fim, para qual
foi criado”.
Estas palavras
são uma introdução adequada à Liturgia sacra. Pois o homem, criatura de Deus
que é, depende dele completamente; a sua dependência deve-a reconhecer e
manifestar. Pela reverência interior reconhece a soberania de Deus sobre a sua
alma, fazendo, por exemplo, os atos de fé, esperança e caridade; é o culto, interior.
Pelo louvor e serviço manifesta os sentimentos de sujeição por meio de sinais
sensíveis; é o culto exterior. O homem não está sozinho na terra; há
"outras coisas, criadas por causa dele." Estas outras coisas são, em
primeiro lugar, os outros homens, vivos e mortos; em segundo lugar as criaturas
irracionais, vivas e inanimadas. Devem auxiliá-lo na consecução do seu fim;
devem, portanto, em ação comum com ele, servir a divina Majestade. Este serviço
comum de todas as criaturas é serviço de Deus, é Liturgia, na acepção mais
lata, embora imprópria, porquanto inclui todos os deveres do homem. Nesta
disciplina, porém, tornamos a palavra Liturgia no seu sentido próprio,
significando um dever especial, o culto direto do Criador, cujos atos
abrangemos com o nome de Virtude de Religião.
§ 1. NATUREZA DA LITURGIA
2. 1. Definição
nominal: A palavra Liturgia significava: 1) na antiguidade, uma função profana, pública, não remunerada, p. e. , a função de juiz, de festeiro de jogos
públicos, de diretor de teatro, de armador de navio, mesmo de operário público.
Pois a palavra Liturgia deriva-se de Leiton = do povo; e érgon
= a obra, o ministério; e denota qualquer
ministério exercido em nome ou em favor da comunidade.
2) em o novo testamento, um encargo público,embora profano, na comunidade
religiosa. Assim o cuidado dos pobres
na cristandade de Corinto tem este nome, 2 Cor 9, 12: "ministerium huius
officii".
Missal Romano - Auxílio para os fiéis durante as celebrações litúrgicas do ano eclesiástico |
3) uma função
pública e sacra da Igreja: a pregação
da palavra divina, as orações dos clérigos, principalmente o sacrifício. Já no
antigo testamento o serviço dos sacerdotes e levitas no santuário se
chama Liturgia (Ex 28, 39), em o novo testamento o
serviço sacro de Zacarias é Liturgia (Lc 1, 23) ; principalmente Jesus Cristo é
chamado leitourgos. (Heb 8, 2.) Os Santos Padres muitas vezes falam da
Liturgia sacra, entendendo todo o serviço sacro do clero. 4) o sacrifício do novo testamento.
Nas constituições apostólicas (c. 380) a missa é chamada
Liturgia. Desde o século 9.° os gregos usavam este termo para designar a missa.
3.
II. Definição essencial. Esta é formada
do gênero próximo e da diferença específica. Tal é a seguinte definição: Liturgia é o culto da Igreja. "Culto" é a noção genérica, pois culto pode
significar uma série de atos (Objetos materiais), ou uma homenagem prestada
(efeito do culto), ou a inclinação interior para esta homenagem. Na definição
entra "culto" no primeiro sentido.
"Igreja" é a noção específica, pois o culto
da Igreja não é culto só interior, mas também exterior; não é culto individual
e privado, mas social e público; não é arbitrário e natural, mas prescrito e
oficial. Estes termos: exterior, público e oficial estão incluídos na noção de
"Igreja", que necessariamente tem estas qualidades. (Cf. Hansens,
Gregorianum, 1927, p. 204-228; Coelho I; Eph. Lit. 1927, p. (405-412.)
Fonte: Curso de Liturgia - 2ª Edição - Pe. João Batista Reus, S. J. - Ed Vozes Limitada - Petrópolis - Rj 1944
Comentários
Parabéns pelo lindo e abençoado blog.
Gostei muito e já estou seguindo.
Que Deus continue te iluminando.
Adriana.
Fique com Deus!