Catecismo Romano: Creio na Santa Igreja Católica (Parte Final)
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Papa Bento XVI - 264º Sucessor de Pedro |
Ao Batismo segue, em primeiro lugar, a Eucaristia; depois então, os demais sacramentos.
Por si só, o nome convém todos os sacramentos, porque unem a Deus, e nos tornam participantes daquele, cuja graça recebemos. No entanto, é mais próprio da Eucaristia, por ser ela que opera esta comunhão (1 Cor 10,16-17).
A comunhão das boas obras: Devemos considerar que existe ainda outra comunhão na Igreja. Como não buscam seus próprios interesses, a caridade faz com que todas as obras piedosas e santas praticadas por um dos fiéis sejam também de proveito para todos os demais.
Comprova esta verdade o testemunho de Santo Ambrósio. Quando comentava a passagem do Salmo: "Tenho aliança com todos os que vos temem" (Sal 118,63). - expressou-se nestes termos: "Assim como dizemos que um membro faz parte de todo o corpo, assim é o nexo de todos os que temem a Deus (Sal 118,63).
Por isso que Nosso Senhor Jesus Cristo nos prescreveu uma fórmula de oração em que devíamos dizer "o pão nosso", e não "o pão meu". Assim também, em outras petições, não devemos pensar em nós exclusivamente, mas atender à salvação e o bem estar de todos.
1. Comparações das Sagradas Escrituras: Pra explicar esta comunhão de bens, as Escrituras recorrem muitas vezes a uma comparação muito apropriada aos membros do corpo humano ( 1Cor 12,12 ss; Rom 12,4-5; Efe 4,16).
Muitos são os membros do corpo. Apesar de serem muitos, formam todavia um só corpo, no qual cada um tem sua função própria, mas não idêntica para todos.
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Jesus e o Juízo final |
Na igreja observa-se o mesmo fenômeno.Seus membros são diversos, várias nações, judeus e pagão, homens livres e escravos, pobres e ricos. No entanto, assim que recebem o Batismo, formam com Cristo, um só corpo, do qual ele próprio é a cabeça (Efe 1,22-23).
Nesta Igreja de Cristo, cada membro recebe um ministério especial. Uns são Apóstolos, outros são mestres (1Cor 12,28). Todos instituídos para o bem da coletividade; de modo que uns incumbe dirigir e ensinar, a outros obedecer e viver debaixo das ordens.
Os membros mortos: O gozo desses bens e favores, tão abundantes e tão variados, destina-se todavia àqueles que levam uma vida cristã na caridade, e são justo e agradáveis a Deus.
Os membros mortos, isto é, os homens cobertos de culpas e apartados da graça divina, não perdem propriamente a regalia de serem membros deste corpo; mas, por estarem mortos, privam-se do fruto espiritual que é partilhado com justos e piedosos. Ainda assim, , uma vez que permanecem no grêmio da Igreja, são ajudados a recuperar a graça e vida perdida; pelos que vivem espiritualmente, recebem aqueles frutos que escapam, sem dúvidas alguma, aos que se separam totalmente da Igreja.
A comunhão das graças gratuitas: São comum não só as graças, que tornam os homens justos e agradáveis a Deus, mas também as graças gratuitas, entre as quais figuram a ciência, a profecia, o dom de línguas (1Cor 12,28) e de milagres, e outras da mesma natureza (1Cor 12,8ss; 1 Jo 3,17).
Estes dons são concedidos até aos maus, não para sua vantagem pessoal, mas por causa do bem comum (Num 24,17), para a edificação da Igreja. O dom de curar, por exemplo é conferido por atenção ao enfermo, não por causa de quem o possui (pode, portanto, existir fora da Igreja).
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Vaticano |
A comunhão das obras de caridade: O verdadeiro cristão, nada tem, afinal, que não deve considerar comum para si e para todos os outros. Por conseguinte, devem estar prontos e dispostos a mitigar as privações dos indigentes. Se alguém se dispõe de tais bens, vê seu irmão na penúria e não lhe presta auxílio, dá com isso prova cabal de que não tem amor a Deus (1Cor 14,6 ss; Jac 2,15-16; 1 Jo 3,17).
Sendo assim, é evidente que já gozam de certa bem-aventurança os que pertencem a esta santa comunhão. Na verdade, podem exclamar: "Quão amáveis são os vossos Tabernáculos, Senhor dos exércitos! Minha alma suspira e desfalece ao contemplar a casa do Senhor" (Sal 83,2-3). "Ditosos aqueles que moram em vossa casa, Senhor!" (Sal 83,5).
(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)
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