COMENTÁRIO DOMINIVAL: REFLEXÃO SOBRE UM TEXTO DO SÉCULO II


Hoje é o III domingo após a Páscoa, considerado na liturgia romana extraordinária como o domingo do Bom Pastor. 

Cristo é o bom pastor que conduz as almas dos fiéis as delícias da vida eterna. Aquele que pelo preço de seu preciosíssimo sangue é o dono de nossas vidas. 

Confiemos a Cristo Bom Pastor as nossas almas, para que sejam mantidas nos apriscos da Igreja, protegidos das armadilhas do demônio, que como lobos tentam retirá-las da proteção de seu Senhor e Mestre, afim de conduzi-las a morte. 

Diferente dos domingos anteriores, hoje vos recomendo um texto de São Justino, mártir do século II, que nos fala das verdades da fé sobre a Eucaristia e do Domingo, acompanhado de grifos nossos:


Da Primeira Apologia a favor dos cristãos, de São Justino, mártir


(Cap.66-67: PG 6,427-431)     (Séc.II)


A celebração da Eucaristia


A ninguém é permitido participar da Eucaristia, a não ser àquele que, admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo para a remissão dos pecados e a regeneração, leve uma vida como Cristo ensinou.  

* Aqui vemos a importância de se manter em estado de graça (sem pecados mortais) e da necessidade de ser batizados para receber as espécies eucarísticas.

Pois não é pão ou vinho comum o que recebemos. Com efeito, do mesmo modo como Jesus Cristo, nosso salvador, se fez homem pela Palavra de Deus e assumiu a carne e o sangue para a nossa salvação, também nos foi ensinado que o alimento sobre o qual foi pronunciada a ação de graças com as mesmas palavras de Cristo e, depois de transformado, nutre nossa carne e nosso sangue, é a própria carne e o sangue de Jesus que se encarnou. 

* Vejamos que no século II os cristão já tinham a consciência de que as espécies consagradas (Pão e vinho) são o próprio corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, confirmando a Transubstanciação das espécies eucarísticas. 

Os apóstolos, em suas memórias que chamamos evangelhos, nos transmitiram a recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças, disse: Fazei isto em memória de mim. Isto é o meu corpo (Lc 22,19; Mc 14,22); e tomando igualmente o cálice e dando graças, disse: Este é o meu sangue (Mc 14,24), e os deu somente a eles. Desde então, nunca mais deixamos de recordar estas coisas entre nós. Com o que possuímos, socorremos a todos os necessitados e estamos sempre unidos uns aos outros. E por todas as coisas com que nos alimentamos, bendizemos o Criador do universo, por seu Filho Jesus Cristo e pelo Espírito Santo. 

* Aqui, São Justino confirma a fé da Igreja na presença real de Cristo no pão e vinho consagrado, com detalhes da forma como as palavras da consagração devem ser feitas. 

No chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos. Lêem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na medida em que o tempo permite. 

* Vejamos a clara confirmação do Dia do Senhor como o Domingo (Dia do Sol, Sunday etc), pois é o dia da ressurreição e da nova criação. Aqui também vemos os ritos iniciais da missa com as leituras dos evangelhos e outros livros das sagradas escrituras, assim como é feito nos dias atuais. 

Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos. 

* Sermão ou homilia logo após as leituras. 

Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como já dissemos acima, ao acabarmos de rezar, apresentam-se pão, vinho e água. Então o que preside eleva ao céu, com todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em seguida, faz-se entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram eucaristizados, que são também enviados aos ausentes por meio dos diáconos. 

* De forma bem resumida, temos a apresentação das oferendas, oração do Cânon romano, consagração e comunhão. 

 Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à disposição do que preside. Este socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou qualquer outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados. 

* Aqui está a oferta dos fiéis para sustentas a Igreja e suas obras. 

Reunimo-nos todos no dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus Cristo, nosso salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do dia de Saturno; e no dia seguinte a este, ou seja, no dia do Sol, aparecendo aos seus apóstolos e discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração.

* Por fim, temos a confirmação do Domingo com dia do Senhor, em virtude da Ressurreição de Cristo. São Justino também nos confirma que cristo foi crucificado na Sexta-feira (véspera do dia de Saturno), Ressuscitando no dia do Sol, tornando-se assim como o dia do Senhor da Nova e Eterna Aliança.






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