COMENTÁRIO DOMINICAL: VELATIO


"Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão fosse, eu sou. A essas palavras, pegaram então em pedras para lhas atirar. Jesus, porém, se ocultou e saiu do templo."


Hoje a Igreja universal celebra o Primeiro domingo da Paixão com os véus sobre as imagens dos Santos, da Santíssima Virgem e de Nosso Senhor. Mas, surgem curiosidades, questionamentos e até mesmo estranhamentos diante deste aspecto insólito do ano litúrgico. 

Há fiéis que acompanham a sagrada liturgia da Santa Madre Igreja cobrindo as suas imagens devocionais, visando esticar a espiritualidade litúrgica da casa de Deus ao seio da igreja familiar.

 O evangelho dominical nos remete ao discurso mais inflamado de Nosso Senhor com as autoridades judaicas, que quase resultam em um confronto físico e até mortal. Enquanto que a Epístola nos recorda que Cristo é o sumo Sacerdote, que com o seu sangue nos purifica e nos torna Co-herdeiros da Salvação. 

O quinto domingo da quaresma fica entre o rosa do Laetare e o vermelho e as palmas do Domingo de Ramos. Trata-se de um domingo preparatório, a medida que nos aproximamos da Grande Semana. Além disso, podemos afirmar que é um dia em que os fiéis, após experimentar um momento efêmero de alegria do domingo anterior, experimentam um ocultamento da divindade e santidade representada em nossas santas imagens.

Sabiamente a Igreja chama esse domingo de Primeiro Domingo da Paixão, pois justamente no período da Paixão e Morte de Nosso Senhor, que sua divindade ficou mais oculta. Da mesma forma, oculta-se os elementos representados pelos ícones sagrados. 

Além disso, o evangelho do domingo nos mostra que Nosso Senhor, ante o risco de um ataque violento das autoridades judaicas, se tornara oculto: "Jesus, porém, se ocultou e saiu do templo."

Convido aos caríssimos irmãos a uma piedosa reflexão que visa a resgatar a espiritualidade do bom cristão, que em detrimento do secularismo, do protestantismo e da apostasia tem se tornado fria e esvaziada.

Recordo-me daqueles que nos antecederam na fé, e da forma correta e devota com o qual se portavam ante uma santa imagem, seja ela do Crucificado, seja da Virgem ou de algum dos santos. 

Ademais, assombra-me o modo como alguns são indiferentes e até mesmo menosprezam a veneração que merecem os sagrados ícones, influenciados pelos constantes ataques proporcionados pelos grupos anticatólicos. 

O católico do pós Concílio Vaticano II parece-me uma figura envergonhada e que faz inúmeras concessões para não agredir ou ofender a ninguém, porém tolera e recua ante os agressivos e constantes ataques de hereges e infiéis. 

Vivemos em tempos de "velátio" da fé católica e genuína, pois cada vez mais os fiéis parecem esconder os símbolos de sua fé e piedade. Outrossim, crescem em mesma medida o número dos que são indiferentes as realidades da fé e dos inimigos da cristandade. 

O vocabulário já não é mais o mesmo de nossos avós e bisavós, que pronunciavam os nomes dos santos, da Virgem e de Nosso Senhor com profundo respeito e decoro. Diferentemente dos que nos antecederam na fé, o vocabulário em determinadas regiões do Brasil são impregnados de expressões de cunho protestante pentecostal e de indiferentismo secular. 

Portanto, devemos resgatar a espiritualidade do autêntico cristão católico e abandonar as práticas nocivas que  contaminaram nossos lábios e nossos lares nas últimas décadas, em que assistimos a maior crise de apostasia e heresia da cristandade desde os tempo do Arianismo. 

Comentários

POSTAGENS MAIS ANTIGAS