O terror cor-de-rosa. A nova cor da esquerda



Felipe Marques Pereira*

Quando um movimento utópico pretende conduzir massas inteiras a mudanças culturais e passa a julgar o passado em vista de um estado ideal hipotético de igualdade, liberdade ou qualquer outra coisa, passa, também, a catalogar como homofóbicas e/ou machistas situações cotidianas que, tiradas do seu contexto e ambiente históricos, podem parecer opressivas. Por exemplo, é natural que a ameaça constante da guerra junto com o trabalho pastoril e/ou agrícola que caracterizaram as civilizações ocidentais e orientais durante milênios exigissem dos homens que esses desenvolvessem a força física e características grosseiras. 

O desenvolvimento da força e da coragem também favorecia o trabalho pesado que sempre foi realizado pelos homens e só o avanço técnico e científico permitiu que as mulheres pudessem exercê-los e hoje não é mais exclusividade dos homens, embora eles ainda constituam a maior parcela da mão de obra nos serviços pesados e de alto risco.

Dentro desse cenário é natural uma menor participação da mulher na vida pública e uma divisão doméstica do trabalho bem diferente da atual.

Sempre que eu ouço um porta-voz do movimento gay, feminista ou mais alguém da esquerda cor-de-rosa falar que a hetero-normatividade é uma construção social da cultura cristã ocidental, a mim, parece que ele ignora que essa construção dos gêneros masculinos e femininos é não só ocidental, mas também oriental e que todas as culturas na história; a grega, a romana a dinastia Ming ou as tribos do alto do Xingu, são machistas e homofóbicas a sua maneira. A universalidade e quase unanimidade na definição dos gêneros e na sua expressão social são indícios claros de que se baseiam em valores que não são somente cristãos ou ocidentais, mas sim, valores transculturais.

A ideologia de gênero é uma construção social essa sim dirigida conscientemente por um grupo que pretende conduzir historicamente uma civilização inteira ao que eles acreditam ser o reino de igualdade, liberdade ou de qualquer outra coisa. Que pode ser qualquer coisa mesmo, não se espante!

Nesse processo se tanto o homossexual, a mulher ou o negro ganham mais espaço é as custas do aumento do poder do Estado que passa a mediar todas as relações controlando inclusive a maneira como nos relacionamos e nos comunicamos. Certas palavras passam a ser taxadas de preconceituosas e passam a ser consideradas crimes, quando proferidas. A censura, as restrições cada vez mais sufocantes as liberdades individuais e A REMODELAGEM RADICAL DA CONDUTA HUMANA acompanham pari passu as propostas dos movimentos utópicos.

Citemos a título de exemplo a criminalização da homofobia ou do racismo que nos impede de usar certas palavras para nos referirmos aos afrodescendentes ou aos homossexuais (pretos sodomitas e etc.). Igualmente alguns países pretendem trocar as palavras pai e mãe substituindo nos documentos pessoais por filiação um e filiação dois, a proibição de escrever em obras de circulação pública as palavras O homem para se referir a humanidade em geral e a retirada do dia dos pais e das mães do calendário de comemorações.

O utopista enxerga a humanidade como uma massa coloidal que pode ser modelada ou remodela, conduzida ou reconduzida. Cioranescu, que estudou o caráter utópico dos regimes totalitários modernos como o nazismo e o comunismo e tem interessantes estudos sobre essa relação, atesta esse pensamento mágico por trás dos lideres de movimentos utópicos e revolucionários:

["Na realidade, a utopia não segue se não o conto o Cocagne no pensamento mágico (...) é, com efeito, um mito, ou um ato mágico esta crença, que não parece ter se perdido em nenhum momento, que a humanidade é uma massa coloidal, idêntica a ela própria em todas as suas partes e predisposta a se dobrar as formas, as distribuições, as orientações e aos moldes que teriam a bondade de lhe indicar"]

Por fim, Cioranescu observa que os movimentos utópicos usam a força e o terror para nos levar ao seu paraíso através de ameaças:

["Os utopistas tem este terrível dom de nos afligir e de nos fazer considerar com apreensão nossa próxima felicidade"]
***
Notas

CIORANESCU, Alexandre - L'avenir du Passé, Gallimard, Paris, 1972.

Essa coluna esta sendo atualizada todos os domingos.

* Felipe Marques Pereira é um escritor de cunho conservador. Católico leigo estudou na PUC/PR. Para entrar em contato envie um e-mail para:

felipemarquespereira2015@outlook.com

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