Terra das cotas e país das lorotas


 Felipe Marques Pereira*

A escravidão no século XX A. C. era por natureza bem diferente da escravidão como o ocidente moderno conheceu. Falando sobre as tábuas de Nuzu, descobertas recentemente, R. K. Harisson em Tempos do Antigo Testamento comenta que a prática da adoção de escravos, às vezes simultaneamente por mais de uma família, era comum naquela época, e os mesmos passavam a gozar de todos os direitos legais como membros da família. Assim, Abraão adotou o seu escravo Eliézer que se tornou seu herdeiro. (Gn.15.2) Também era comum o casamento do escravo com a filha do seu senhor, o que permitia a ascensão social. [1]

Isso explica, em parte, a escravidão voluntária a que alguns homens se prestavam. De tal maneira que é lícito nos perguntarmos se um escravo, em determinados períodos do antigo testamento, não vivia uma situação de segurança econômica e social melhor do que eu ou você, hoje, no Brasil petista, onde não existe ascensão social e a classe média é demonizada, onde o governo se congratula por tirar alguns milhares da linha da miséria para entregá-los a linha da pobreza à custa do dinheiro do contribuinte, membro da tal classe "demoníaca".

A idade média desconheceu a escravidão, essa só reapareceu com o ressurgimento do paganismo no Renascimento, movimento conhecido como percussor da modernidade.

No Brasil, país da lorota e terra das cotas, algumas pessoas concorrem a cargos importantes em repartições públicas, privilegiados pela sua cor, e estando em vantagem até contra os mais capacitados. Tudo isso alegando que o Brasil tem uma dívida histórica com os negros por causa da escravidão.

Como a Igreja Católica é culpada até pelo naufrágio do Titanic (SIC!) não faltam os semi-intelectuais da esquerda que, após assistirem um filme de Hollywood ou lerem algum livreco, não acusem a Igreja de defender a escravidão dos negros. Contra isso basta ler o trecho de um documento saboroso do Papa Bento XIV (1740-1758), a Bula IMMENSA PASTORUM:

(...) recebemos certas notícias não sem gravíssima tristeza de nosso ânimo paterno, depois de tantos conselhos dados pelos mesmos Romanos Pontífices, nossos Predecessores, depois de Constituições publicadas prescrevendo que aos infiéis do melhor -modo possível dever-se-ia prestar trabalho, auxílio, amparo, não descarregar injúrias, não flagelos, não ligames, NÃO ESCRAVIDÃO, não morte violenta, sob gravíssimas penas e censuras eclesiásticas...” **


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A partir de semana que vem essa coluna será atualizada todos os sábados, com eventuais publicações no decorrer da semana.

* Felipe Marques Pereira é um escritor de cunho conservador. Católico leigo estudou na PUC/PR. Para entrar em contato envie um e-mail para:

felipemarquespereira2015@outlook.com

** http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/magisterio/documentos-eclesiasticos/decretos-bulas/506-documentos-oficiais-da-igreja-contra-a-escravidao

Notas

[1] HARRISON, R. K. Tempos do antigo testamento. Ed. CPAD. 2010.




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