IV Domingo da Quaresma: A multiplicação dos pães e dos peixes é uma figura da Páscoa (Laetare)
Elias, O Profeta
Nesta Semana lê-se no Breviário a história de Moisés. Duas idéias principais a dominam toda. Por um lado Moisés retira o povo de Deus do cativeiro e fá-lo atravessar o Mar Vermelho; por outro lado dá-lhe de comer maná do deserto, dá-lhe a lei no Sinai e o conduz a terra prometida onde se erguerá um dia Jerusalém, a cidade santa que regozijará com as tribos vindas de todo Israel para cantar os louvores de Javé. A missa de hoje dá-nos a realização dessas figuras. O verdadeiro Moisés, com efeito, é Jesus Cristo, que nos resgatou do cativeiro da lei e do pecado, nos fez passar pelas águas do batismo, nos alimenta no deserto da existência terrena com o verdadeiro maná, a sua carne, e nos introduziu na terra prometida que é a Santa Igreja.
A estação de hoje congregava-se na Igreja de Santa Cruz de Jerusalém, velho palácio romano que Santa Helena transformou em santuário para nele guardar as relíquias da Cruz descobertas no Calvário e representar no coração da capital do Cristianismo a cidade de Jerusalém e os lugares santos.
E de fato a escolha desta basílica impunha para cantar as alegrias e as grandezas da nova Jerusalém, que é simultaneamente a Igreja na terra e a cidade dos céus, cujas portas o Senhor nos veio com sua morte abrir. Neste Domingo (Laetare) a Igreja congrega aí os fiéis para os fazer experimentar um raio da grande alegria que se aproxima. Era com este sentimento de júbilo que a Igreja benzia outrora a rosa "laetare" e é com ele que ainda hoje reveste de paramentos de cor rosa os ministro do altar. "Regozijai-vos e exultai de alegria" diz o intróito, porque mortos com Jesus Cristo para o pecado havemos de ressuscitar com ele. O Evangelho relata-nos o episódio da multiplicação dos pães e dos peixes, símbolos da Eucaristia e do Batismo que são por excelência os sacramentos da ressurreição. E na Epístola São Paulo procura fazer-nos compreender a liberdade dos filhos da Igreja, que é a liberdade de Cristo.
Que a missa deste domingo, já tão impregnada das alegrias pascais, nos dê coragem para prosseguirmos com generosidade a segunda parte da Quaresma.
Epístola
Leitura da Epístola de São Paulo Apóstolo aos Gálatas (4, 22-31) Irmãos: A Escritura diz que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. O da escrava, filho da natureza; e o da livre, filho da promessa. Nestes fatos há uma alegoria, visto que aquelas mulheres representam as duas alianças: uma, a do monte Sinai, que gera para a escravidão, é Agar. (O monte Sinai está na Arábia.) Corresponde à Jerusalém atual, que é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém lá do alto é livre e esta é a nossa mãe, porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não davas à luz; rejubila e canta, tu que não tinhas dores de parto, pois são mais numerosos os filhos da abandonada do que daquela que tem marido (Is 54,1). Como Isaac, irmãos, vós sois filhos da promessa. Como naquele tempo o filho da natureza perseguia o filho da promessa, o mesmo se dá hoje. Que diz, porém, a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque o filho da escrava não será herdeiro com o filho da livre (Gn 21,10). Pelo que, irmãos, não somos filhos da escrava, mas sim da que é livre.
Leitura da Epístola de São Paulo Apóstolo aos Gálatas (4, 22-31) Irmãos: A Escritura diz que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. O da escrava, filho da natureza; e o da livre, filho da promessa. Nestes fatos há uma alegoria, visto que aquelas mulheres representam as duas alianças: uma, a do monte Sinai, que gera para a escravidão, é Agar. (O monte Sinai está na Arábia.) Corresponde à Jerusalém atual, que é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém lá do alto é livre e esta é a nossa mãe, porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não davas à luz; rejubila e canta, tu que não tinhas dores de parto, pois são mais numerosos os filhos da abandonada do que daquela que tem marido (Is 54,1). Como Isaac, irmãos, vós sois filhos da promessa. Como naquele tempo o filho da natureza perseguia o filho da promessa, o mesmo se dá hoje. Que diz, porém, a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque o filho da escrava não será herdeiro com o filho da livre (Gn 21,10). Pelo que, irmãos, não somos filhos da escrava, mas sim da que é livre.
Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (6, 1-15): Naquele tempo: Jesus atravessou o lago da Galiléia (que é o de Tiberíades.) Seguia-o uma grande multidão, porque via os milagres que fazia em beneficio dos enfermos. Jesus subiu a um monte e ali se sentou com seus discípulos. Aproximava-se a Páscoa, festa dos judeus. Jesus levantou os olhos sobre aquela grande multidão que vinha ter com ele e disse a Filipe: Onde compraremos pão para que todos estes tenham o que comer? Falava assim para o experimentar, pois bem sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-lhe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pedaço. Um dos seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe: Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes... mas que é isto para tanta gente? Disse Jesus: Fazei-os assentar. Ora, havia naquele lugar muita relva. Sentaram-se aqueles homens em número de uns cinco mil. Jesus tomou os pães e rendeu graças. Em seguida, distribuiu-os às pessoas que estavam sentadas, e igualmente dos peixes lhes deu quanto queriam. Estando eles saciados, disse aos discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. Eles os recolheram e, dos pedaços dos cinco pães de cevada que sobraram, encheram doze cestos. À vista desse milagre de Jesus, aquela gente dizia: Este é verdadeiramente o profeta que há de vir ao mundo. Jesus, percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, tornou a retirar-se sozinho para o monte.
Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.
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