Sexta-feira da Cruz de Nosso Senhor: Da esperança que devemos ter na morte de Jesus

5. Ele disse que subia aos céus para preparar-nos um lugar: “Não se turbe o vosso coração... porque eu vou preparar-vos um lugar” (Jo 14,1). Ele disse e continua a dizer a seu Pai que, visto o Pai nos ter dado a ele, nos quer ter consigo no paraíso: “Pai, quero que aqueles que me destes estejam comigo onde eu estou” (Jo 17,24). Que maior misericórdia poderíamos esperar do Senhor, diz S. Anselmo, que o Padre Eterno dizer a um pecador já condenado ao inferno por seus crimes e que não tinha meios de livrar-se do castigo: “Toma o meu Filho e oferece-o por ti” e o Filho acrescentar: “Toma-me e livra-te do inferno” (Cur Deus homo l. 2, c. 20). Ah, meu Pai amoroso, agradeço-vos haver-me dado vosso Filho por meu Salvador, ofereço-vos sua morte e por seus merecimentos vos suplico compaixão. Agradeço-vos sempre, ó meu Redentor, por haverdes dado vosso sangue e vossa vida para livrar-me da morte eterna. Socorrei-nos, pois, a nós, servos rebeldes, os quais com tanto custo remistes. Ó meu Jesus, única esperança minha, vós me amais e porque sois onipotente, fazei-me santo. Se eu sou fraco, dai-me fortaleza, se estou enfermo pelas culpas cometidas, aplicai à minha alma uma gota de vosso sangue e sarai-me. Dai-me o vosso amor e a perseverança final e fazei que eu morra na vossa graça. Dai-me o paraíso. Eu vos amo, ó Deus amabilíssimo, com toda a minha alma, e espero amar-vos sempre: ajudai a um mísero pecador que vos quer amar.

6. “Tendo nós o grande pontífice que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus, conservemos a nossa confissão. Não temos um pontífice que não possa compadecer-se de nossas enfermidades, tendo experimentado todas as tentações, exceto o pecado” (Hb 4,14). já que temos um Salvador que nos abriu o paraíso, que por um certo tempo nos estava fechado pelo pecado, diz o Apóstolo, confiemos sempre nos seus merecimentos, pois ele sabe se compadecer de nós, tendo querido na sua bondade padecer as nossas misérias. “Vamos, pois cheios de confiança, ao trono da graça, para que consigamos misericórdia e encontremos a graça para sermos socorridos oportunamente” (Hb 4,16). Dirijamo-nos, pois, com confiança ao trono da misericórdia, ao qual temos acesso por meio de Jesus Cristo, para que aí encontremos todas as graças de que necessitamos. E como poderemos duvidar, ajunta S. Paulo, que Deus, tendo-nos dado seu Filho, nos tenha dado com ele todos os bens? “Entregou-o por nós todos: como não nos deu com ele todas as coisas?” (Rm 8,32). O cardeal Hugo comenta este passo: Não nos negará o menos, que é a glória eterna, aquele Senhor que chegou a dar-nos o mais, que é o seu próprio Filho.

Ó meu sumo bem, que vos darei por um tal dom que me fizestes de vosso Filho? Dir-vos-ei com Davi: O Senhor retribuirá por mim (Sl 137,8). Senhor, não tenho com que retribuir-vos, vosso próprio Filho é o único que vos poderá agradecer dignamente: ele vos agradece por mim. Pai piedosíssimo, pelas chagas de Jesus, peço-vos que me salveis. Amo-vos, bondade infinita, e, porque vos amo, arrependo-me de vos haver ofendido. Meu Deus, meu Deus, eu quero ser todo vosso; aceitai-me por amor de Jesus Cristo. Ah, meu doce Criador, será possível que, havendo-me dado o vosso Filho, me negueis os vossos bens, a vossa graça, o vosso amor, o vosso paraíso?

V. Senhor, não nos trateis segundo os nossos pecados.
R. Nem nos castigueis segundo as nossas iniquidades.

Para um Bom Católico a sexta-feira é dia de Penitência e dia de meditar sobre a paixão do Senhor!

Para os mundanos dia de ignorar o Senhor em sua Cruz e agonia.
Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os sofrimentos de Jesus - Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I
 

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