Catecismo Romano: Da parte dos sacramentos (Parte IV)

Os sete sacramentos
Motivos para instituir os sacramentos:

 a) Fraqueza do espírito humano: Ora, para se ensinar a maneira de se fazer bom uso dos sacramentos, o meio mais eficaz é expor cuidadosamente as razões determinantes para sua instituição.

Entre as muitas que se costumam alegar, a primeira é a natural fraqueza do espírito humano. Consta por experiência, ser ele tão limitado, que o homem não pode chegar ao conhecimento de coisas puramente intelectuais, senõ por intermédio de percepções sensíveis. Assim como o intuíto de nos facilitar a compreenção das coisas indivisíveis de sua ominipotência, quis o Supremo Criador de todas as coisas, em sua infinita sabedoria, manifestar essa oculta virtude (dos sacramentos), por meio de sinais sensíveis, que fossem também uma prova de amor para conosco. (Rom 1,20)

São João Crisóstomo diz com toda a clareza: Se o homem não tivera corpo, os bens espirituais lhes seriam propostos a descoberto, sem nenhum véu que os ocultasse. Mas, desde que a alma se acha unida ao corpo, era de todo o necessário que, para a comprenção daqueles bens, ela se valesse de todos os objetos adaptáveis aos sentidos".

b) Maior confiança nas promessas divinas: A segunda razão é que o nosso espírito difícilmente põe fé nas promessas que nos são feitas. Por isso é que, desde o início do mundo (Gn, 3,15; 9,11 ss; 13, 4 ss), Deus sempre tornava a anunciar seus desígnos por meio de palavras. Mas as vezes, quando decretava alguma obra, cuja a grandeza poderia abalar na confiança em sua promessa, acrescentava as palavras outros sinais, que não raro tinham o caráter de milagres.

Deus enviu por exemplo, Moisés que libertasse o povo de Israel (Exod 3,10). Aquele, porém, sem confiar sequer no auxílio de Deus que assim ordenava, receou que a empresa superasse suas forças, ou que o povo também não desse às decisões e palavras divinas. Então Deus confirmou suas promessas com uma série de vários milagres (Exo 4, 2ss).

Ora, assim Deus o feizera no Antigo Testamento, confirmando com sinais a firmeza de suas promessas: assim também Cristo Nosso Senhor, quando nos prometeu na Nova Lei a remissão dos pecados, a graça santificante, a comunicação do Espírito Santo, instituiu simutâneamente certos sinais sensíveis, nos quais víssemos empenhada a sua palavra, de molde a excluir toda dúvidana realização do prometido.

c) pronta medicação da alma: No dizer de Santo Ambrósio, a terceira razão é que os sacramentos deviam proporcionar, como os remédios do samaritano no Evangelho (Lc 10,33 - 34), uma pronta medicação que nos restituísse, ou conservasse a saúde da alma.

A virtude que dimana da Paixão de Jesus Cristo, isto é, a graça que nos mereceu no altar da Cruz, deve chegar-nos pelos sacramentos, como que uns canais de comunicação. Sem estes meios, não existiria nenhuma esperança de nos salvar.

Levado de grande clemência, Nosso Senhor nos empenhou Sua palavra, e quis deixar a Igreja os sacramentos. De nossa parte, temos a firme obrigação de crer que eles relamente nos comunicam os frutos de sua Paixão, contato que cada um de nós use tais remédios, com a devida fé e piedade.

(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)
 

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