Liturgia Católica II: ORIGEM DA LITURGIA

2. ORIGEM DA LITURGIA

I - Do que fica dito, se vê a Veneranda origem da Liturgia católica.

1. As partes essenciais da missa foram instituídas pelo próprio Jesus Cristo, quando, na véspera da sua sagrada. paixão, disse a primeira missa na presença dos apóstolos. O Padre Nosso, parte integrante de todas as Liturgias, foi ensinado por Ele. Os santos sacramentos, quanto à forma essencial, foram todos instituídos por Nosso Senhor.

2. Estas partes essenciais, no decurso do tempo, foram cercadas de cerimônias, ora simples, ora majestosas, todas, porém, convenientes; e de preces adequadas. O que primitivamente foi uso legitimo, posteriormente foi sancionado pela Igreja em virtude do poder legislativo outorgado a Pedro e seus sucessores: "O que ligares sobre a terra, será ligado no céu; o que desligares sobre a terra, será desligado também no céu." (Mt 16, 19.) A Liturgia é, por conseguinte, de origem divina, parte diretamente e parte indiretamente; deve ser tratada com muito respeito.

3. OBJETO DA LITURGIA

As ações litúrgicas são múltiplas; apesar disto formam conjunto bem ordenado. Esta unidade interior em todas as manifestações e ramificações do culto tem o fundamento no objeto a que se referem, e no sujeito que as põe em prática.

1. O objeto primário da Liturgia sacra é Deus. (Eisenhofer I, 6; Gatterer, Annus liturgicus, p. 7; Vigourel, Cours synthet., p. 4.) A Ele só compete adoração, a Ele só se oferece o sacrifício da missa. Ora à SS. Trindade, ora a Deus Padre, ora a Deus Filho, ora ao Espírito Santo é que se presta o culto explicitamente.

Pela doxologia: "Glória ao Padre, e ao Filho e ao Espírito Santo", é glorificada muitas vezes durante o dia a SS. Trindade. Nas orações da missa, a petição as mais das vezes se dirige a Deus Padre: Omnipotens sempiterne Deus... A Deus Filho são consagradas as festas mais solenes do ano eclesiástico: natal, páscoa, corpo de Deus e outras. O Espírito Santo invoca-se freqüentemente, p. ex., no ofertório da missa: Veni sanctificator... Este é o culto latrêutico (de "latria" = adoração).

II. Objeto secundário é: a) o culto dos Santos, e principalmente de Maria SS.: aquele chama-se culto de dulia ou de veneração, este, culto de hiperdulia ou de veneração toda especial. b) o culto dos objetos que têm relação com Jesus Cristo e sua obra de redenção. Tais são, p. ex., as relíquias do santo Lenho, as relíquias e imagens dos santos. E' o culto relativo (cân. 1255). c) o culto de pessoas ainda vivas e de coisas sagradas. Ante o bispo, p. ex., se fazem genuflexões, ante o sacerdote, inclinações. De incensação são julgados dignos não só os clérigos, mas também leigos eminentes e todo o povo. Esta honra concede-se por motivos religiosos e refere-se, em última análise, a Deus. S. Inácio de Antioquia (Ep. ad Trail. 3, 1) ensina: Todos devem honrar os diáconos como a Jesus Cristo, e também ao bispo, que é a imagem do Pai, e aos sacerdotes, como ao senado de Deus.
A escritura sagrada diz: Sois... um povo santo. (1 Ped 2, 9.)

II. Assim se explica o culto das coisas sagradas, p. ex.: o ósculo do evangeliário, das velas, dos ramos bentos. Estas honras entendem-se prestadas ao símbolo de Jesus Cristo (evangeliário), ou a Cristo santificador que distribui suas graças pelos objetos bentos. 4. Os sacramentos em geral, as orações, os exorcismos são culto de Deus, porque no seu uso se glorifica a misericórdia, a bondade e a onipotência de Deus. Por conseguinte é Deus o único objeto da Liturgia.

Fonte: Curso de Liturgia - 2ª Edição - Pe. João Batista Reus, S. J. - Ed Vozes Limitada - Petrópolis - Rj 1944

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