Teologia Ascética e Mística: Das virtudes e dos dons ou das faculdades da ordem sobrenatural - Da graça atual II


Santa Rosa de Lima - Exemplo de oração e
Piedade.
Sua Necessidade – O Princípio geral é que a graça atual é necessária para todo o ato sobrenatural, pois eu deve haver proporção entre o efeito e seu princípio.



Assim, quando se trata da conversão, isto é, da passagem do pecado mortal para o estado da graça, temo necessidade duma graça sobrenatural, para fazer os atos preparatórios da fé, esperança, penitência e amor, e até mesmo para o começo da fé, para aquele piedoso desejo de crer, que é seu primeiro passo. É também pela graça atual que perseveramos no bem no decurso da nossa vida até à hora da nossa morte. É que, na verdade, para isto:



1º - é mister resistir as tentações que acometem até as almas justas e por vezes são tão violentas e persistentes que não podemos vencê-las sem o auxílio de Deus. Assim Nosso Senhor recomenda aos seus apóstolos, até mesmo depois da última ceia, que vigiem e orem, isto é, que se apóiem não somente nos seus próprios, mas sobretudo na graça para não sucumbirem a tentação.



2º - Além disso, porém, é necessário cumprir todos os deveres; e o esforço energético , constantes, que este cumprimento requer, não se pode obter sem o auxílio da graça divina: Aquele que em nós começou a obra da perfeição, é o único que pode levar a bom termo: “ O Deus de toda a graça, que nos chamou em Jesus Cristo à sua eterna glória, depois de ter padecido um pouco, Ele mesmo nos aperfeiçoará, fortificará e consolidará.”



Isto é, sobretudo verdade, tratando-se de perseverança final, que é um dom especial e um grande dom: morrer em estado de graça, a despeito de todas as tentações que nos vem assaltar no último momento, ou escapar a essas lutas por meio da morte súbita ou suave, em que a alma adormece no Senhor, é, na expressão dos concílios, a graça das graças, que nunca poderá se pedir demasiadamente, que não se pode merecer estritamente, mas que se pode obter pela oração e fiel cooperação com a graça.



E quem deseja não somente perseverar, senão crescer cada dia em santidade, evitar os pecados veniais, de propósito deliberados e diminuir o número de faltas, de fragilidade, não tem que implorar intensamente os favores divinos? Pretender que podemos viver muito tempo sem cometer qualquer falta que retarde nosso adiantamento espiritual, é ir contra a experiência das melhores almas que se exprobram tão amargamente as nossas culpas, é contradizer a São João, que nos declara que se iludem grandemente aqueles que se imaginam sem pecados: “Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.”. (I Jo 1, 8); isso também é contradizer o concílio de Trento, que condenam aqueles que afirmam que o homem justificdo pode, durante toda sua vida, evitar as falts veniais, sem um privilégio especial de Deus,



A Graça atual é pois, necessária ainda mesmo depois da justificação, e eis os motivos que nos livro santos insistem tanto na necessidade da oração, pela qual se obtem essa graça da misericórdia divina, como explicamos mais tarde. Também a podemos obter pelos nossos atos meritórios, ou, por outros termos, pela nossa livre cooperação com a graça: é que na verdade, quanto mais fieis mostramos em aproveitar as graças atuais que nos são distribuídas, tanto mais se sente inclinado Deusa nos conceder novas mercês.

(Fonte: Compêndio de Teologia e Ascética e Mística - AD. Tanquerey - 1961)

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