Liturgia: Missa - Quinta parte da Missa. Comunhão


Na quinta parte da Missa, incluem-se: - 1º a preparação para a comunhão, e - 2º a Comunhão.

Preparação para a comunhão: Abrange o Pater Noster e Libera nos; a fragmentação da hóstia; o angus Dei; uma oração antes da comunhão que precede o ósculo da paz e duas outras orações da comunhão.

Pater Noster e Libera nos: É coisa natural que se conservasse um lugar na missa à fórmula de oração mais excelente, o Pater noster, ensinado pelo próprio Cristo. É o que a Igreja entendeu, logo nos primórdios do cristianismo. Tanto que, se cremos no testemunho de São Gregório Magno, nas épocas de perseguição, quando era maior o perigo e escasso o tempo, reduzia-se a missa a consagração, recitação do Pater e Comunhão.

Atualmente é precedido de curto prefácio, tomado de São Cipriano. O sacerdote, meio receoso, mas ainda confiante, diz ao Senhor que não se atreveria a chama-lo com o doce nome de Pai, se não fosse a esta ordem terminante de Jesus Cristo. Depois, o Pater é cantado pelo celebrante, até "Sed libera nos a malo", que o coro ou o acólito responde. O Amém do fim é o padre que o diz, em voz baixa.

P: Oremus. Praeceptis salutaribus moniti, et divina institutione formati, audemus dicere:

P: Pater noster, qui es in coelis: sanctificetur nomen tuum: adveniat regnum tuum: fiat voluntas tua sicut in coelo et in terra. Panem nostrum quotidianum da nobis hodie: et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris. Et ne nos inducas in tentationem.

R: Sed libera nos a malo.

P: Amen.

O sacerdote insiste no último pedido do Pater noster. Repete-o, desenvolve-o e implora que fiquemos livre de todos os males passados, presentes e futuros e vamos fruindo os benefícios da paz divina. Este acréscimo, feito a oração dominical, é geralmente chamado de embolismo.

P: Libera nos, quaesumus Domine, ab omnibus malis praeteritis, praesentibus, et futuris: et intercedente beata et gloriosa semper Virgine Dei Genitrice Maria, cum beatis Apostolis tuis Petro at Paulo, atque Andrea, et omnibus sanctis, da propitius pacem in diebus nostris: ut ope misericordiae tuae adjuti, et a peccato simus semper liberi, et ab omni perturbatione securi.

P: Per eumdem Dominum nostrum Jesum Christum Filium tuum. Qui tecum vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti Deus. Per omnia saecula saeculorum.

R: Amen.

P: Pax † Domini sit † semper vobiscum † .

R: Et cum spiritu tuo.

Fração da Hóstia: Enquanto termina o "Libera nos", o padre inicia a fragmentação da hóstia. O fim deste rito vem a ser: - Imitar a Nosso Senhor, pois na última Ceia Jesus partiu o pão, antes de distribuir aos apóstolos; simboliza a morte do salvador na cruz, a separação de sua alma e do seu corpo; e preparação para a comunhão. Fragmenta-se o pão para distribuí-los aos fiéis, servindo-lhes como alimento espiritual. Nos primeiros séculos a hóstia era consideravelmente grande, partiam-se nas patenas. A partícula conservada, lançava-se no preciosíssimo sangue, figurando assim a percentualidade do sacrifício. Era de costume no início o papa e os bispos enviavam a outros bispos e a padres estas parcelas de hóstia consagrada em sinal de união e superioridade hierárquica.

Logo em seguida, o sacerdote traça o sinal da cruz com a patena, beijando-lhe a extremidade mostrando assim respeito ao corpo de Nosso Senhor que nela vai repousar. Toma então a hóstia e divide-a em três pedaços. O sacerdote que antes segurava um pedaço da hóstia, lança-o dentro do cálice simbolizando a união das duas espécie na Ressurreição de Nosso Senhor, e que Jesus Cristo está presente por inteiro nas duas espécies.

Agnus Dei: Pela fragmentação da hóstia e pela introdução de uma parcela no Preciosíssimo Sangue, vemos Jesus Cristo, Cordeiro de Deus sendo sacrificado e imolado e ao mesmo tempo ressurgindo da morte. Relaciona-se com estes dois ritos a súplica do Agnus Dei, o Cordeiro de Deus. Bate-se três vezes no peito durante esta oração na intenção de se demonstrar arrependimento.

P: Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis. Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis. Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona nobis pacem.

Primeira oração antes da comunhão: É de suma conveniência que habite a paz de Deus nos corações que irão receber o corpo santíssimo de Nosso Senhor. Por isso o sacerdote insistentemente pede a paz interior para si e para toda a Igreja. A primeira oração antes da comunhão o sacerdote recorda a mensagem de Nosso Senhor que concedia a seus apóstolos e discípulos a paz. Essa oração vem seguida do ósculo da paz que remonta a Igreja dos primeiros séculos. No século XIII começou-se a fazer restrições. Reduziu-se as missas solenes e do clero.

P: Domine Jesu Christe, qui dixisti Apostolis tuis: pacem relinquo vobis, pacem meam do vobis: ne respicias peccata mea, sed fidem Ecclesiae tuae; eamque secundum voluntatem tuam pacificare et coadunare digneris. Qui vivis et regnas Deus, per omnia saecula saeculorum. Amen.

Duas últimas orações antes da comunhão: Dado o ósculo da paz o celebrante diz, em voz baixa, mais duas orações preparatórias antes da comunhão. Nelas dirige-se a Jesus Cristo, que está para entrar no seu peito, e rogar-lhes as disposições idôneas para auferir da comunhão todos os frutos da salvação.

P: Domine Jesu Christe, Fili Dei vivi, qui ex voluntate Patris cooperante Spritu Sancto, per mortem tuam mundum vivificasti: libera me per hoc sacrosanctum Corpus et Sanguinem tuum ab omnibus iniquitatibus meis et universis malis: et fac me tuis semper inhaerere mandatis: et a te nunquam separari permittas: qui cum eodem Deo Patre et Spiritu Sancto vivis et regnas Deus in saecula saeculorum. Amen.

P: Perceptio Corporis tui, Domine Jesu Christe, quod ego indignus sumere praesumo, non mihi proveniat in judicium et condemnationem: sed pro tua pietate prosit mihi ad tutamentum mentis et corporis, et ad medelam percipiendam. Qui vivis et regnas cum Deo Patre in unitate Spiritus Sancti Deus, per omnia saecula saeculorum. Amen.

Comunhão do Sacerdote: Quando as corações preparatórias, o padre segura as duas metades da hóstia, traça com elas o sinal da cruz, como se benzer-se a si próprio, e consome o santíssimo corpo do Salvador dizendo:

Passando poucos instantes de recolhimento e adoração, o padre dobra o joelho. Ajunta então no cálice parcelas de hóstias que porventura tivesse ficado no corporal e na patena, e dá graças.

P: Panem coelestem accipiam et nomen Domini invocabo.

P: Domine, non sum dignus ut intres sub tectum meum: sed tantum dic verbo, et sanabitur anima mea (three times).

P: Corpus Domini nostri Jesu Christi custodiat animam meam in vitam aeternam. Amen.

Comunhão dos Fiéis: Segue abaixo do sacerdote. Realizava-se em tempos remotos, com as duas espécies. O celebrante depositava a Eucaristia, sob a espécie do pão, na mão direita de cada comungante, pronunciando a palavra: "Corpus Christi", o Corpo de Cristo. O diácono apresentava ao fiel o cálice, dizendo: "Sanguis Christi, calix vitae", o Sangue de Cristo o cálice da vida. Era ato de fé na presença real de Cristo debaixo das santas espécies. No século XIII, ficou abolida a comunhão sob a espécie do vinho. Entretanto, apresentava-se aos fiéis o vinho não consagrado, para que fosse mais fácil a deglutição da Santíssima Hóstia.

P: Corpus Domini nostri Jesu Christi custodiat animam tuam in vitam aeternam. Amen.

P: Quod ore sumpsimus Domine, pura mente capiamus: et de munere temporali fiat nobis remedium sempiternum.

P: Corpus tuum, Domine, quod sumpsi, et Sanguis, quem potavi, adhaereat visceribus meis: et praesta, ut in me non remaneat scelerum macula, quem pura et sancta refecerunt sacramenta. Qui vivis et regnas in saecula saeculorum. Amen.

Abluções: A rubrica prescreve duas abluções, para que nenhuma gotinha fique do Preciosíssimo Sangue e nenhuma parcela do Corpo sacratíssimo de Nosso Senhor. Ablução do cálice e dos dedos do sacerdotes que tocaram a santíssima hóstia.


Fonte: Doutrina Católica - Manual de instrução religiosa para uso dos Ginásios, Colégios e Catequistas voluntários - Curso Superior - Terceira parte - Meios de Santificação - Liturgia - Livraria Francisco Alves - Editora Paulo de Azevedo Ltda - São Paulo; Rio de Janeiro; e Belo Horizonte - 1927

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