Sexta-Feira da Cruz de Nosso Senhor

7. Tendo amanhecido, os judeus conduziram Jesus a Pilatos, para que fosse condenado à morte. Pilatos declara-o inocente: “Não encontro nenhuma culpa neste homem” (Lc 23,4). E para ver-se livro
dos insultos dos judeus, que continuavam a exigir a morte do Salvador, o envia a Herodes. Muito se alegrou Herodes por ter Jesus em sua presença, esperando que, para livrar-se da morte, haveria de
fazer diante dele algum dos muitos prodígios de que ouvira falar. Fezlhe por isso muitas perguntas. Mas Jesus, porque não queria livrar-se da morte, haveria de fazer diante dele algum dos muitos prodígios de que ouvira falar. Fez-lhe por isso muitas perguntas. Mas Jesus, porque não queria livra-se porque aquele malvado não merecia resposta, cala-se e não responde. Então esse rei soberbo o desprezou com toda a sua corte e, cobrindo-o com uma veste branca, para mostrar que o considerava um ignorante e insensato, o reenviou a Pilatos (Lc 23,11). O cardeal Hugo diz: Zombando dele como de um louco, vestiu-lhe uma túnica. E S. Boaventura: Desprezou-o como inepto, porque não fez milagres; como ignorante, porque não respondeu uma única palavra; como louco, porque se não defendeu. Ó Sabedoria eterna, ó Verbo divino, só vos faltava essa ignomínia de ser tratado de louco, privado de senso. Tanto vos interessa a nossa salvação, que por nosso amor quereis não só ser vituperado, mas saciado de vitupérios, como já profetizara a vosso respeito Jeremias: “Apresentará a face a quem o esbofetear e ficará saciado de opróbrios” (Lm 3,30). E como podeis amar tanto os homens, dos quais só ingratidões e desprezos recebeis? Ai de mim, que sou um desses que vos ultrajou mais do que Herodes. Ah, meu Jesus, não me castigueis como a Herodes, privando-me da vossa voz. Herodes não vos reconhecia por quem sois, eu vos proclamo meu Deus; Herodes não vos amava, eu vos amo mais do que a mim mesmo. Por isso não me recuseis as vozes das inspirações como eu merecia pelas ofensas que vos fiz. Dizei o que quereis de mim, que eu, com a vossa graça, estou pronto a executá-lo. 8. Reconduzido Jesus a Pilatos, o governador o apresentou a povo, para saber a quem queriam libertar nessa páscoa, se a Jesus ou a Barrabás, o homicida. Mas o povo gritou: Não este, mas Barrabás. Ao que perguntou Pilatos: Que farei então de Jesus? Responderam: Crucifica-o. Que mal, porém, praticou este inocente? interroga Pilatos. Ao que replicam: Seja crucificado. Ó Deus! até agora a maior parte dos homens continua a dizer: Não este, mas Barrabás, preferindo a
Jesus Cristo um prazer sensual, um ponto de honra, um desabafo de cólera. Ah, meu Senhor, vós bem sabeis que houve um tempo em que vos fiz as mesmas injúrias, quando vos pospus aos meus malditos
prazeres. Meu Jesus, perdoai-me, que eu me arrependo de meu passado e de hoje em diante quero preferir-vos a todas as coisas. Eu vos estimo e vos amo acima de todos os bens; prefiro mil vezes morrer a abandonar-vos. Dai-me a santa perseverança, dai-me o vosso amor

Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os sofrimentos de Jesus - Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I

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