Sexta-Feira da Cruz de Nosso Senhor

12. “Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá sua alma por suas ovelhas” (Jo 10,11). Onde, porém, ó Senhor, se encontram no mundo pastores semelhantes a vós? Os outros pastores dão a morte às suas
ovelhas para a conservação da própria vida divina para obter a vida para as vossas amadas ovelhas. E eu sou uma dessas felizes ovelhas, ó meu amabilíssimo pastor. Que obrigação, pois, a minha, de
amar-vos e de dar a minha vida por vós, já que vós por amor de mim em particular vos entregastes à morte. E que confiança não devo pôr no vosso sangue, sabendo que foi derramado para pagar os meus
pecados. E dirás naquele dia: Eu te confessarei, ó Senhor... Eis aqui o Deus meu Salvador; agirei com toda a confiança e não temerei (Is 12,1-2). E como poderia desconfiar de vossa misericórdia, ó meu
Senhor, contemplando as vossas chagas? Eia, pois, ó pecadores, recorramos a Jesus, que está em sua cruz como num trono de misericórdia. Ele aplacou a justiça divina contra nós irritada. Se ofendemos
a Deus, ele fez penitência por nós: basta que tenhamos arrependimento.
13. Ah! meu caríssimo Salvador, a que vos reduziu a compaixão e o amor que me consagrastes: peca o escravo e vós, Senhor, pagais a pena. Se penso nos pecados devo, pois, tremer por causa do castigo
que mereço; mas, pensando na vossa morte, tenho mais razão de esperar que de temer. Ó sangue de Jesus, tu és toda a minha esperança!
14. Mas este sangue, à medida que desperta confiança, obriganos a ser totalmente de nosso Redentor. O Apóstolo exclama: “Não sabeis que não sois vossos? Fostes comprados por um grande preço”
(1Cor 6,19). Reconheço, ó meu Jesus, que eu não posso sem injustiça dispor de mim e de minhas coisas, já que sou propriedade vossa, visto me haverdes comprado com vossa morte. O meu corpo,
a minha alma, a minha vida não é mais minha, é vossa e inteiramente vossa. Só em vós, portanto, quero por minha esperança, só a vós quero amar, ó meu Deus, por mim morto e crucificado. Não tenho outra coisa para oferecer-vos que esta alma resgatada em vosso sangue, e ela eu vos ofereço. Permiti que vos ame, pois nada mais quero fora de vós, meu Salvador, meu Deus, meu amor, meu tudo. Ao tempo passado fui mui grato para com os homens, mas fui mui ingrato para convosco. Presentemente eu vos amo e não há coisa que mais me aflija que o ter-vos desgostado. Ó meu Jesus, dai-me que eu confie em vossa Paixão e tirai de meu coração todo o afeto que não for para vós. Quero amar-vos exclusivamente, já que mereceis todo o meu amor e de tantas maneiras me obrigastes a vos amar.
15. E quem poderá deixar de vos amar, vendo-vos, como o filho dileto do Eterno Pai, terminar vossa vida com uma morte tão amarga e desumana por nosso amor? Ó Mãe do belo amor, pelos merecimentos de vosso coração abrasado em amor, obtende-nos a graça de viver somente para amar o vosso Filho, que, merecendo um amor infinito, quis a tanto custo conquistar o amor de um mísero pecador. Ó amor das almas, meu Jesus, eu vos amo; dai-me mais amor, mais chamas que me façam viver abrasado em vosso amor. Eu não mereço, mas vós o mereceis, bondade infinita. Amém, assim o espero, e assim seja.

Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os sofrimentos de Jesus - Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I

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