CATECISMO ROMANO - "E em Jesus Cristo, seu unico filho, Nosso Senhor."(Parte II)

Jesus é o nome próprio daquele que é Deus e homem ao mesmo tempo. Significa "Salvador". Não lhe foi posto casualmente, ou por escolha e vontade dos homens, mas por ordem e intenção de Deus.

Assim o declarou o arcanjo São Gabriel a Virgem: "Eis que conceberás e em teu seio, e darás a luz a um filho, ao qual porás o nome de Jesus" (Lc 1,31). E depois ordenou a José, esposo da Virgem, desse tal nome ao menino, e indicou-lhe ao mesmo tempo as razões por que devia chamar-se assim: "José, filho de David, não tenhas receio de levar para tua casa Maria, tua esposa; pois o que nela foi concebido, é obra do Espírito Santo. Portanto, ela há de dar a luz a um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele há de remir o seu povo de seus pecados"(Mt 1,20-21).


Verdade é que, nas escrituras, nos deparamos com muitas pessoas que tem esse mesmo nome. Assim se chamava o filho de Navé que sucedeu a Moisés; teve o privilégio, negado a seu antecessor, de levar à Terra de Promissão o povo que o mesmo Moisés havia de arrancado do cativeiro do Egito. Assim se chamava o filho de Josedec, sumo-sacerdote.

A nosso ver, com quanto mais acerto se não deve atribuir a esse nome a Nosso Salvador! A ele que deu luzes, liberdade e salvação, já não a um povo singular, mas a todos os homens de todas as épocas, não oprimidos pela fome ou pelo julgo do Egito e da Babilônia, mas sentados nas sombras da morte, presos com os duríssimos grilhões do pecado e do demônio. A ele que lhes adquiriu o direito e a herança do Reino dos Céus, e os reconciliou com o Pai Eterno.


Naquelas pessoas não vemos senão uma figura de Cristo Nosso Senhor, que tantos benefícios cumularam o gênero humano, como acabamos de explicar.

Ao nome de Jesus também se acrescentou o apelido de "Cristo", cuja significação é "Ungido". Serve para designar uma dignidade e um mistério. Não é próprio de uma só categoria, mas é designação comum de várias funções.


Na antiguidade, nossos pais chamavam de "cristos" aos sacerdotes e aos reis, por quanto Deus ordenara que fossem ungidos, em atenção a dignidade de seu ministério.

Sacerdotes são aqueles que, por meio de assíduas preces, recomendam o povo a Deus. São os que oferecem sacrifícios a Deus, e aplicam pelo povo o poder de sua intercessão (Num 16,46-50; Sap 18,20-25; Heb 5,1-4).

Aos reis porém, está confiado o governo dos povos. Seu dever primordial é salvaguardar a autoridade das leis, proteger a vida dos inocentes, e punir a audácia dos criminosos.

Ambos os ministérios são, pois, uma imagem da majestade de Deus aqui na terra. Por isso, os que eram eleitos para a dignidade real ou sacerdotal recebiam a unção dos santos óleos (I Reg 10,1;16,13; Exo 19,21;30,30).

Era também costume de ungir os profetas. Na qualidade de intérpretes e mensageiros de Deus Imortal, revelam os segredos dos Céus e com salutares conselhos e predições do futuro exortavam à regeneração dos costumes.


Ora, quando veio a este mundo, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo tomou sobre si o tríplice encargo e função de profeta, de sacerdote e de rei. Por esse motivo foi chamado "Cristo", e ungido para o desempenho daqueles ministérios.


Jesus Cristo portanto foi o Profeta e mestre supremo que nos ensinou a vontade de Deus, e cuja doutrina fez ao mundo conhecer o Pai celestial. Cabe-lhe o nome de profeta com a maior glória e distinção.

Cristo também é sacerdote, não pela ordem pela qual a Antiga Lei os sacerdotes proviam da tribo de Levi. Mas por aquela que o profeta David exaltou em seu vaticínio: "Vós sois sacerdotes eternamente, segundo a ordem do rei Melquisedec"(Ps 109,4; Heb 5,5 ss).

Reconhecemos, igualmente, que Cristo é Rei, não só como Deus, mas também enquanto homem, participante de nossa natureza. De sua dignidade real disse o anjo: "Há de reinar eternamente na casa de Jacob, e seu reino não terá fim." (Lc 1,32).


(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed. Vozes - 1962)

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