FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA E Iº DOMINGO APÓS A EPIFANIA "Jesus veio a Nazaré e vivia sujeito a eles" (Ev.)










"Não era a caso conveniente, diz São Leão, celebrar o nascimento real do filho do Pai Eterno, a casa de Davi, e os nomes gloriosos dessa antiga linhagem? Mas é mais doce ainda recordar a pequena casa de Nazaré e a humilde existência que aí se passa; é mais doce celebrar a vida obscura de Jesus. É aí que o divino infante se exercita no humilde ofício de José, aí, na sombra, cresce em idade, mostrando-se feliz por partilhar dos trabalhos de São José.

Que o suor, diz ele, banhe dos membros antes de os inundar a efusão do sangue do Redentor, que a mortificação do trabalho, sirva também de expiação para o gênero humano. Junto do Menino se encontra sua Mãe terna, junto do esposo a esposa dedicada. Como ela se julga feliz em poder aliviar, com efetuosos cuidados, as suas fadigas!". "Ó vós que não fostes isentos nem de preocupações e nem de trabalhos, e que conhecestes o infortúnio, olhai para os desgraçados que lutam contra as dificuldades da vida e se vêm na indigência".
Na humilde casa de Nazaré, Jesus, Maria e José santificam a vida familiar pelos exercícios das virtudes dolmética. Praticaram a a humildade, a paciência, a moderação, a ajuda mútua, a caridade, o respeito e a obediência, de que nos falam a Epístola e Evangelho da missa. Vivendo sempre no recolhimento da oração, encontraram alegria e paz. Oxalá a grande família que é a Igreja e cada lar cristão pratique na terra as virtudes que praticou a Sagrada Família a fim de que possa viver um dia em sua santa companhia no Céu.

Todo o judeu, depois dos doze anos, devia celebrar  anualmente em Jerusalém as grandes festas litúrgicas de Israel, a Páscoa, o Pentecostes e os Tabernáculos. A liturgia deste período, que nos vem apresentando desde o presépio a Infância do Salvador, faz-nos hoje subir a escarpa da cidade santa e contemplar o templo divino o divino infante no templo a interrogar, com doze anos apenas, os escarnecidos e os sapientes doutores da lei. E não foi isto diz Santo Ambrósio, sem um alto e profundo designo da providência. Queria ensinar por este modo aos doutores e a todos nós que, três dias após a tragédia do calvário, aquele que morrera para a redenção do mundo e que todos julgavam morto havia de ressuscitar e de se impor a nossa fé, sentado num trono de glória, como caminho, como verdade, como vida.

Deste pensamento, que domina toda a liturgia de hoje, podemos deduzir salutares princípio de renovação cristã. Todos sabemos muito bem que pela fé formamos um só corpo em Jesus Cristo. Ora para ocuparmos o lugar que nos compete como órgãos eficientes no corpo de Jesus Cristo, devemo-nos integrar evidentemente, antes de mais nada, no pensamento superior que dirige este corpo, compenetrarmo-nos da sabedoria de Jesus Cristo. E o pensamento de Jesus, tão clara e admiravelmente expresso na pobreza do presépio, na humildade da vida oculta, na caridade da vida pública e na abnegação do Gólgota, foi nos condessado pelo mesmo salvador naquela pequenina frase do Evangelho lida hoje: "É necessário que eu viva ocupado das coisas do meu Pai".

Esta sabedoria celeste escapa de certo a rudeza do nossos entendimento. Contrariando os instintos da carne em virtude da penitência e das renúncias que nos impõe indo por vezes até o ponto de sacrificar as nossas aspirações mais legítimas, estamos longe de compreender  o que ela envolve de providencial e de profundo: "E não compreenderam o que lhes dizia". Resta-nos seguir aqui e sempre o exemplo de Maria: "que conservava todas estas coisas dentro de seu coração"; e, meditando na atitude que o Senhor tomou no templo pedir a Deus a sabedoria para ver o que nos convém e força e vida para o cumpri.

Epístola

Leitura da Epístola de São Paulo Apóstolo aos Colossenses (3,12-17). Irmãos: Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós. Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Triunfe em vossos corações a paz de Cristo, para a qual fostes chamados a fim de formar um único corpo. E sede agradecidos. A palavra de Cristo permaneça entre vós em toda a sua riqueza, de sorte que com toda a sabedoria vos possais instruir e exortar mutuamente. Sob a inspiração da graça cantai a Deus de todo o coração salmos, hinos e cânticos espirituais. Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.

Epístola (Leitura do I Domingo Após a Epifania)

Leitura da Epístola de São Paulo Apóstolo aos (12, 1-5). Irmãos:Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito. Em virtude da graça que me foi dada, recomendo a todos e a cada um: não façam de si próprios uma opinião maior do que convém, mas um conceito razoavelmente modesto, de acordo com o grau de fé que Deus lhes distribuiu. Pois, como em um só corpo temos muitos membros e cada um dos nossos membros tem diferente função, assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um do outro.


Evangelho do dia:

Leitura do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (2, 42-52) : Naquele tempo: Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem. Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos. Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele. Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas. Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição. Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai? Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera. Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens.


Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

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