A cruzada moderna do islã
Felipe Marques Pereira*
Landa Cope em “Modelo social do Antigo Testamento” afirma que o islã nunca contribuiu com o avanço da ciência por acreditar que só existe a vontade de Alá [1]. Sendo os muçulmanos descrentes da existência de causas segundas enquanto leis, as leis naturais que juntas concorrem para a finalidade que tende o universo criado por Deus e que o homem encontrou na tentativa de superar suas limitações um dos motores do progresso científico.
A ocidentalização - mais ou mesmo forçada - do oriente médio tem provocado um novo fenômeno de Messianismo que aproxima o islã das ideologias totalitárias.
O discurso dos grupos terroristas, por exemplo, a Al-qaeda, vai de encontro com a doutrina marxista na crítica ao capitalismo e ao imperialismo Norte-Americano. Nos dias atuais, conhecer o Islã é muito importante para compreender os propósitos dos grupos terroristas que se articulam, em pelo menos três continentes, para realizar simultaneamente ataques terroristas, como os ocorridos na última semana.
O estado islâmico já ocupa e controla 50% do território Sírio além de parte do Iraque .
Por isso remeto o leitor a esse excelente artigo de Arai Daniele, retirado do site Pro Roma Mariana **:
Arai
Daniele
O
Islamismo é a religião surgida no Oriente Médio no 6º século. Desde então tem
crescido mais que as outras, também devido à sua nota belicosa.
Hoje seu
avanço em todo o mundo é o resultado também do recuo do Cristianismo.
Para os
que dizem que este recuo é grandemente devido ao contraste da Fé com a
mentalidade apoiada no progresso da ciência e da tecnologia, a demonstração
contrária vem justamente do avanço dessa crença que nada concede à mentalidade
moderna em nenhum campo. Então o que tem debilitado o Cristianismo já há
séculos é outra coisa.
É o
resultado da guerra que o mundo intelectual gnóstico e agnóstico, além destas
outras crenças lhe movem através da violência mas também de filosofias e
políticas anticristãs.
Tudo isto
ainda não havia abalado a consistência da Cristandade até os anos Cinqüenta.
Como, porém essa guerra surda ou aberta é secular e não tem prevalecido, a
novidade desse avanço está num abate de suas defesas nos nossos tempos. Através
de uma nova educação de massa alterada foi-se criando um vazio na consciência
religiosa do homem ocidental, vazio preenchido por outras crenças e ideologias.
Isto tem ocorrido no mundo ocidental cristão com a crescente dessacralização de
tudo. Mas ainda não bastava. Finalmente, depois da 2ª Grande Guerra e da
americanização da Europa, tudo agravou-se também no interno da Igreja com a
escalada do «espírito do Vaticano 2º».
Note-se
que essa dessacralização não ocorre onde domina o Islão. É uma tendência de
«auto-demolição» que caracteriza o «espírito conciliar» embalado na utopia
tresloucada de pacificar o mundo «aggiornando» a Igreja às liberdades e aos
«direitos humanos» impostos pelas revoluções do iluminismo.
Já Pio
XII na Encíclica «Humani generis» e depois no Discurso «Vous avez
voulu» del 1955 acusa a contaminação de “tendências gnósticas, falsamente
espiritualistas e puritanas”. Estas tendências gnósticas ocorreram também entre
os Jesuítas, como escreve no seu amplo trabalho o P. Ennio Innocenti, «La
Gnosi spuria», Città Ideale, Siena, 2013, vol. II, – Teologia e Gnosi – pp.
565 ss.
A encíclica de Pio XII denuncia o que está subjacente ao elaborado “retorno às origens”, mas indicando em termos claros que o alvo do ataque era o Magistério da Igreja e a Sua Autoridade além de sua Teologia fundamental, origem do que foi acusado em tom depreciativo de excesso de «manualística»… baseada num «neo-tomismo leonino», como diz o P. Paulo Ricardo, porque ilustrado e promovido no pontificado de Leão XIII.
Neste
sentido, o prelado que nas suas palavras e atos mais seguiu esse desvio foi
Joseph Ratzinger que, como membro saliente da Cúria romana, acabou sendo eleito
«papa».
A sua
«administração» caracterizou-se justamente pela promoção do que considerava a
«necessária» abertura da Igreja aos progressos de duzentos anos de iluminismo!
E raia o mais incrível ridículo a sua infida pregação aos muçulmanos dessa
«necessidade», como vemos nesse seu discurso no Natal de 2006 (22.12):
- «Num diálogo a ser intensificado com o Islão deveríamos ter presente o fato de que o mundo muçulmano se encontra hoje com grande urgência diante de uma tarefa muito semelhante à que foi imposta aos cristãos a partir dos tempos do iluminismo e que o Concílio Vaticano II, como fruto de uma longa pesquisa fadigosa, levou a soluções concretas para a Igreja católica. Trata-se da atitude que a comunidade dos fiéis deve assumir face às convicções e às exigências que se afirmaram no iluminismo. Por um lado, devemos contrapor-nos a uma ditadura da razão positivista que exclui Deus da vida da comunidade e das organizações públicas, privando assim o homem dos seus específicos critérios de medida. Por outro lado, é necessário aceitar as verdadeiras conquistas do iluminismo, os direitos do homem e especialmente a liberdade da fé e da sua prática, reconhecendo neles elementos fundamentais também para a autenticidade da razão. Como na comunidade cristã houve uma longa busca acerca da justa posição da fé face àquelas convicções uma busca que certamente nunca será concluída definitivamente assim também o mundo islâmico com a própria tradição se encontra perante a grande tarefa de encontrar em relação a isto as soluções adequadas. O conteúdo do diálogo entre cristãos e muçulmanos será neste momento sobretudo o de se empenhar neste compromisso para encontrar as soluções justas. Nós, cristãos, sentimo-nos solidários com quantos, precisamente com base na sua convicção religiosa de muçulmanos, se empenham contra a violência e pela sinergia entre fé e razão, entre religião e liberdade. Neste sentido, os dois diálogos de que falei completam-se reciprocamente.»
Entenderam?
Um Islã pacífico deveria imitar os conciliares e ter o seu Vaticano 2º, uma
espécie de Meca II para abrirem-se aos valores liberais da filosofia
iluminista!
Isto até
que seria útil, mas pelas razões opostas às alegadas por esse líder da
anticrística demolição ecumenista: porque nisto residiu o abate das defesas
cristãs.
Neste
discurso de Bento 16 está representada toda a peçonha do Vaticano 2º, seja
porque acusa implicitamente o Catolicismo de imobilismo diante das injustiças
que
só o
direito iluminista superou, seja porque quer que a Igreja se adapte ao que sempre
condenou como revolucionário e anti-natural. Mas não é só, declara que a fé do
Islã pode acordar-se e conviver perfeitamente com a Fé Cristã, come se fossem
irmãs!
Resumindo
a situação presente, antes de passar ao que o Islamismo sempre foi e pode ser
descrito hoje com as mesmas palavras de Santo Tomás: a guerra contra a Igreja
de Deus movida pelo mundo, pela carne e por todas as potências infernais é
sempre a mesma. O que mudou nos tempos modernos e precipitou com os anticristos
conciliares foi a sua defesa, hoje totalmente corroída pela presença desses
inimigos, que um mundo desvairado tem por papas católicos, na Roma apostólica.
O fato é
que enquanto eles lá estiverem reconhecidos como autoridades apostólicas não
pode haver nenhuma real resistência, que não seja neutralizada já na sua
origem.
Hoje a
maiorias, anestesiadas pela pílula ecumenista conciliar, dormem o sono da
inconsciência diante do crescente perigo mundial do flagelo islâmico, Quem vai
acordá-las no meio desta grande apostasia? Parece que só o frio de uma
inexorável desgraça.
Santo
Tomás fala do Islã e da sabedoria que induz a grande conversão à Fé. E com este
capítulo VI do Livro I da sua «Summa Contra Gentiles», vemos como o
Mestre bem ilustrou uma verdade religiosa que tem plena valência histórica
hoje. Seguindo o seu método, ele primeiro disserta sobre o que levou à
benfazeja conversão dos povos.
“Tão
maravilhosa conversão do mundo para a fé cristã é de tal modo certíssimo
indício dos sinais havidos no passado, que eles não precisaram ser reiterados
no futuro, visto que os seus efeitos os evidenciavam.
“Seria
realmente o maior dos sinais miraculosos se o mundo tivesse sido induzido, sem
aqueles maravilhosos sinais, por homens rudes e vulgares, a crer em verdades
tão elevadas, a realizar coisas tão difíceis e a desprezar bens tão valiosos.
Mas ainda: em nossos dias Deus, por meio dos seus santos, não cessa de operar
milagres para a confirmação da fé (talvez esta é a única afirmação do Santo que
esvaziou sua valência histórica nos nossos dias de apostasia geral, com
«anticristos no Vaticano».
No
entanto, os iniciadores de seitas errôneas seguiram caminho oposto, como se
tornou patente em Maomé (o fundador do Islã): No islamismo creram homens
brutalizados, inteiramente ignorantes da doutrina divina, que forçaram outros a
crerem pela violência das armas.
“Maomé
seduziu os povos com promessas atinentes aos desejos carnais (até no seu
almejado paraíso de virgens), excitados que são pela concupiscência;
– Formulou também preceitos conformes àquelas promessas, relaxando, desse modo, os freios que retêm os apetites da carne.
– Além disso, não apresentou testemunhos da verdade, senão aqueles que facilmente podem ser conhecidos pela razão natural de qualquer medíocre ilustrado.
– Além
disso, introduziu, em verdades que tinha ensinado, fábulas e falsas doutrinas.
– Também
não apresentou sinais sobrenaturais. Ora, só mediante estes há conveniente
testemunho da inspiração divina, enquanto uma ação visível, que não pode ser
senão divina, mostra que o mestre da verdade está inspirado de modo invisível.
– Mas Maomé manifestou ter sido enviado pelo poder das armas, que também são sinais dos brigantes e dos tiranos.
–
Ademais, desde o início, homens sábios, versados em coisas divinas e humanas,
nele, não acreditaram.
– Nele, porém, acreditaram homens que, brutalizados no deserto, eram totalmente ignorantes da doutrina divina. No entanto, foi a multidão de tais homens que obrigou os outros a obedecerem, pela violência das armas, a uma lei.
– Finalmente, nenhum dos oráculos dos profetas que o antecederam dele deu testemunho, visto que ele deturpou com fabulosas narrativas quase todos os fatos do Antigo e do Novo Testamento.
– Tudo isso pode ser verificado ao se estudar a sua lei. Já também por isso, e de caso sagazmente pensado, não deixou para leitura de seus seguidores os livros do Antigo Testamento, para que não o acusassem de impostura.
– Fica assim comprovado que os que lhe dão fé à palavra crêem levianamente”.(Santo Tomás de Aquino, «Summa Contra Gentiles». Livro I, Capítulo VI)
Conclusão sobre o futuro do Islamismo
Visto que
todo homem almeja à verdadeira felicidade, que também o Islã indica estar na
outra vida, e visto que para alcançá-la Deus Pai nos criou à Sua imagem e
semelhança, como pessoas capazes de entender e agir com inteligência e com
vontade própria, a solução para os males deste mundo está na conversão à
Verdade por Ele revelada.
Eis, pois, que o único futuro para a ordem neste mundo está no exato oposto do acima pregado pelo falso pastor e falso cristo Bento 16: “Trata-se, sim, da atitude que a comunidade dos fiéis [ao Islã] deve assumir face às convicções e às exigências que se afirmaram”… nunca do iluminismo mas da Igreja católica. Só nela se colhem frutos de uma fadigosa peregrinação nas sendas da Verdade, que levou a soluções concretas para todas as sociedades em todos os tempos, pela “admirável conversão do mundo para a fé cristã, que é de tal modo certíssimo indício dos sinais havidos no passado, que não precisaram ser reiterados no futuro, visto que os seus efeitos os vão evidenciar”. Sim, mas quando os povos finalmente – seguindo o mandato divino – anatemizarem os falsos cristos e falsos profetas que trazem esse outro evangelho de perdição. Os falsos cristos, com as suas falsas doutrinas conciliares, entregam os povos à destruição neste mundo, ocultando a necessidade de conversão de todo homem à verdadeira Fé.
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** https://promariana.wordpress.com/2014/11/18/o-futuro-do-islamismo-mundial-bem-vindo-pela-felonia-conciliar/
Essa coluna esta sendo atualizada aos domingos, segundas ou terças-feiras.
* Felipe Marques Pereira é um escritor conservador. Católico leigo estudou na PUC/PR.
Para entrar em contato envie um e-mail para:
felipemarquespereira2015@outlook.com
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Notas
[1] COPE,
Landa. Modelo social do Antigo testamento.Ed.
Jocum.
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