O planejamento econômico no ideário de Hayek: indivíduos planejam, o governo não
Felipe
Marques Pereira*
Atividade econômica é
quase sinônimo de planejamento, e em qualquer sociedade onde os indivíduos
colaboram e cooperam, o planejamento, independentemente de quem o faça, deverá
basear-se em certos conhecimentos que não estão disponíveis imediatamente para
o planejador, mas antes, distribuídos de maneira desigual, parcial e incompleta
entre os vários indivíduos que devem retransmiti-las ao planejador. Os vários
modos pelos quais o conhecimento chega até os indivíduos encarregados de
elaborar seus planos é um problema que atualmente tem sido ignorado pelos
economistas quando pretendem explicar o processo de mercado.
F. Hayek, prêmio Nobel de
economia, ocupou-se desse problema, para ele não estava em discussão à
necessidade de planejar, mas sim, se o planejamento deveria se feito de forma
centralizada ou por indivíduos separados dotados de um conhecimento disperso.
Em sua visão a ciência econômica tinha sido radicalmente mal interpretada e mal
explicada, a economia não era algo que servia para explicar como melhor aplicar
os recursos sociais, ao contrário, o problema da economia era descobrir um
sistema que fizesse o melhor uso possível das várias formas de conhecimento que
existe na mente de cada indivíduo. Esse conhecimento acerca do tempo e do
espaço que o cerca é inacessível para os planejadores centrais.
Foi só trabalhando como garçom
que eu pude entender alguma coisa sobre planejamento econômico e compreender
toda a extensão do pensamento do economista Austríaco, coisa que Karl Marx, que
viveu bancado pelos mesmos capitalistas que depois ele saia falando mal, nunca
entendeu.
Quando eu atendo um
jovem casal que chega de bicicleta ou uma família numa BMW, ao esperar um tempo
até eles olharem o cardápio e escolher o lanche que querem comer, percebo que
na prática eles entendem muito mais de economia do que o ministro Joaquim Levy
ou Guido manteiga. Ao escolher com base no dinheiro disponível aquele lanche
que melhor corresponde as necessidades e aspirações daquele momento, escolha
limitada pela quantidade de dinheiro disponível, a fome e outros N fatores,
estão discutindo em microeconomia o que aqueles idiotas do ministério da
economia insistem em ignorar no “Macro", vou deixar que o economista Hayek
(Um capitalista, para horror do Levy!) fale**:
<< (...) as circunstâncias sob as quais temos de
agir nunca existe de forma concentrada, mas apenas como pedaços dispersos - distribuídos
por e para os vários indivíduos separados/ isolados - (...) Em vez disso o
problema é como garantir que qualquer membro da sociedade faça o melhor uso dos
recursos conhecidos para fins cuja importância relativa apenas estes indivíduos
conhecem. Ou, colocando sucintamente, o problema é a utilização de um
conhecimento que não esta disponível a ninguém em sua totalidade>>.
"De cara" isso
já mostra que é impossível a uma economia comunista manter-se de pé por muito
tempo.
Sim, existe
planejamento. Muito planejamento. Indivíduos planejam suas vidas. Empresas planejam sua produção. Consumidores planejam suas compras. Mas o governo não planeja nada. Ele apenas interfere, vive às expensas da
riqueza alheia e arruma desculpas para justificar tal comportamento parasítico.
No feriado de 22 de
abril atendendo um casal de jovens que demorava "um monte" pra
decidir o pedido, entre beijos e carícias, eu via aquilo com certa emoção e
pensava: no que o plano econômico de Joaquim Levy pode beneficiar naquela
decisão? Em nada. A política econômica do governo Dilma não planeja nada, só
interfere, fingi e acredita que planeja tentando mediar todas as decisões. O
que o ministro Levy sabe sobre a rotina e os planos daquele casal? Nada.
Eu poderia passar horas ali
esperando eles se decidirem e eu não tinha, ao contrário dos planos econômicos,
nenhuma intenção de interferir na escolha daqueles dois, que não foi feita por
nenhum comitê.
***
Essa coluna esta sendo
atualizada todos os domingos ou eventualmente as segundas-feiras.
* Felipe Marques Pereira
é um escritor conservador. Católico leigo estudou na PUC/PR.
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