XII Domingo Depois de Pentecostes "Colocou-o sobre seu jumento e teve cuidado dêle" (Ev.)

"Colocou-o sobre seu jumento e teve cuidado dêle"
A Igreja comça a ler neste tempo as parábolas de Salomão que foram escritas, como diz a escritura: "Para aprender a sabedoria e a disciplina, a justiça, para se entender as palavras da prudência e receber as intruções da doutrina, a justiça e a equidade e o juízo; para dar astúcia aos pequenos e ciência e compreenção aos mancebos. Porque o sábio que escuta, torna-se mais sábio e aos homens inteligentes é confiado o mando". Salomão era na penumbra do Velho Testamento, a figura de Jesus Cristo, sabedoria incarnada que veio trazer a terra o Verbo deslumbrante da Verdade. "Felizes, diz o Senhor no Evangelho, felizes os olhos que viram que vós vistes, pois em verdade vos digo que muitos Reis e Profetas desejaram ouvir o que estão ouvindo e ver o que estão vendo e não puderam ouvir e nem ver o que vós vistes e ouvistes." "Felizes, comenta São Beda, felizes sim, e mil vezes felizes, os que puderam conhecer os mistérios que o Senhor disse e foram revelados aos pequeninos e aos humildes." Voltemo-nos pois, todos para Crito e para sua Igreja para colhermos na sua doutrina aquela sabedoria superior que eve informar toda a nossa vida.

O Rei Salomão e a Rainha de Sabá
O Evangelho deste Domingo é o do bom samaritano. O Senhor revela-nos nele simultaneamente a lei que deve presidir a nova sociedade que vai fundar e a finalidade e necessidade da incarnação do Verbo. O homem, com efeito, depois do pecado original era um viajante que os ladrões tinham roubado e deixado quase morto a beira da estrada. Vieram os sacerdotes, os ministros do velho testamento, viram-no e foram adiantes impotentes para resgatar o gênero humano. Foi preciso que viesse o Salvador, o bom samaritano, "que se aproximou de nós, diz São Beda, fazendo-se homem e dobrando-se sobre a miséria a que tínhamos chegado, derramou nas nossas chagas o azeite e o vinho que são os sacramentos regeneradores da nossa alma. A hospedaria onde nos levou é sua Igreja. Aí nos cura e nos fortalece com o azeite dos Sacramentos e com o pão e o vinho da Eucaristia para continuarmos até o Céu a grande viagem que empreendemos".
O que o Senhor fez conosco e o que nos recomendou uma parábola do bom samaritano devemos praticá-lo sempre com todos os homens. É precisamente aqui que reside a nossa grandeza. Tornando-mos, por assim dizer, como Deus que fez chover sobre o justo e o injusto. O amor ao próximo, com efeito, possui qualquer coisa de divino. É sobrenatural na origem, porque procede do Espírito Santo; é sobrenatural no objeto, porque se dirige a Deus na pessoa de nossos irmãos. Amemos pois, e amenos todos os homens. Lancemos, nós que nos dizemos filhos da Igreja e discípulos de Cristo, lancemos contra a onda subversiva de ódio que incendeia o mundo o ataque da caridade de Cristo, porque, pensemos bem, só com esta arma poderemos vencer.
Iconografia do Rei Salomão

Epístola

Epístola de São Paulo Apóstolo aos Conríntios (IICor 3, 4-9) - Irmãos: Tal é a convicção que temos em Deus por Cristo. Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica. Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de tal glória que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor de sua face (embora transitório), quanto mais glorioso não será o ministério do Espírito! Se o ministério da condenação já foi glorioso, muito mais o há de sobrepujar em glória o ministério da justificação !


Continuação do Santo Evangelho segundo São Lucas. Naquele tempo: Disse
Jesus a seus discípulos: ditosos os olhos que vêem o que vós vedes. Porque eu vos afirmo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não viram; e ouvir o que vós ouvis, e não ouviram. E eis que se levantou um certo doutor da lei, e lhe disse para o tentar: Mestre, que devo eu fazer para possuir a vida eterna? Jesus disse-lhe: O que é que está escrito na lei? Como lês tu? Ele respondendo disse: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, e com todas as tuas forças, e com todo o teu entendimento, e o teu próximo como a ti mesmo. E Jesus disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás (eternamente). Mas ele, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é meu próximo? E Jesus retomando a palavra, disse: Um homem descia de Jerusalém para Jericó, e caiu na mão dos ladrões, que o despojaram (do que levava); e, tendo-o maltratado, retiraram-se, deixando-o meio morto. Ora aconteceu que passava pelo mesmo caminho um sacerdote, o qual, quando o viu, passou de largo. Igualmente um levita, chegando perto daquele lugar, e, vendo-o, passou adiante. Mas um samaritano, que ia seu caminho, chegou perto dele; e, quando o viu, moveu-se de compaixão. E, aproximando-se ligou-lhe as feridas, lançando nelas azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu jumento, levou-o a uma estalagem, e teve cuidado dele. E no dia seguinte tirou dois dinheiros, e deu-os ao estalajadeiro, e disse-lhe: Tem cuidado dele, e quanto gastares a mais, to satisfarei quando voltar. Qual destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? Ele respondeu: O que usou de misericórdia. Então Jesus disse-lhe: Vai, e faze tu o mesmo.

Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

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