Teologia Ascética e Mística: Da Parte da Santíssima Virgem, dos santos e dos anjos na vida cristã (Parte XI)

Síntese da doutrina exposta

188. Assim, pois, Deus tem uma parte grandíssima em nossa santifícação. É Ele que vem residir em nossa alma, para se nos dar a nós e nos santificar. Para nos permitir elevar-nos até Ele, dá-nos um organismo sobrenatural completo: a graça habitual que, penetrando a própria substância da nossa alma, a transforma e torna deiforme; as virtudes e os dons que, aperfeiçoando as nossas faculdades, lhes permitem, com o auxílio da graça actual, que as põe em movimento, praticar actos sobrenaturais meritórios da vida eterna.

189. Mas isto não basta ainda ao seu amor: envia-nos o seu Filho único que, fazendo-se homem como nós, se torna o modelo perfeito que nos guia na prática das virtudes que conduzem à perfeição e ao céu; nos merece a graça necessária para trilharmos as suas pisadas, a despeito das dificuldades que
encontramos dentro e fora de nós mesmos; e, para melhor nos arrastar em seu seguimento, nos incorpora em Si, faz derivar para nós, pelo seú divino Espírito, a vida cuja plenitude possui, e dá, por esta incorporação, às nossas menores ações um valor incomensurável. E, na verdade, estas ações, unidas às de Jesus, nossa cabeça, participam do valor das suas, pois que num corpo tudo se torna comum entre a cabeça e os membros. Com Ele e por Ele podemos, pois, glorificar a Deus como Deus merece, obter novas graças e aproximar-nos assim de nosso Pai celeste, reproduzindo em nós as suas divinas perfeições.

Maria por ser Mãe de Jesus e sua colaboradora. posto que secundáriamente, na obra da Redenção, coopera também na distribuição das graças que Ele nos mereceu; é por Ela que vamos a Jesus, é por Ela que pedimos a graça; veneramo-Ia e amamo-la como mãe e esforçamo-nos por imitar suas virtudes.

E, como Jesus é não somente nosso chefe, mas também o é dos santos e dos Anjos põe a nosso serviço esses poderosos auxiliares para nos protegerem contra os assaltos do dernónio e as fraquezas da nossa natureza: os seus exemplos e intercessão são-nos um poderoso socorro. Poderia Deus, verdadeiramente, fazer mais por nós? E, se Ele se nos deu a nós tão liberalmente, que não devemos nós fazer para corresponder ao seu amor e cultivar a participação da vida divina com que Ele generosamente nos mimoseou.

(Fonte: Compêndio de Teologia e Ascética e Mística - AD. Tanquerey - 1961)

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