Sexta-Feira da Cruz de Nosso Senhor: Da crucifixão de Jesus III

“Teus olhos verão o teu preceptor” (Is 30,20). Foi prometido aos homens poderem ver com os próprios olhos seu divino Mestre. A vida inteira de Jesus foi contínuo exemplo e escola de perfeição, mas sem nenhuma parte nos ensinou melhor suas mais belas virtudes do que sobre a cátedra da cruz. Como daí nos ensinou bem a paciência, especialmente no tempo das doenças, já que na cruz Jesus sofreu corajosamente com suma paciência as dores de sua atrocíssima morte. Aí, com seu exemplo nos ensinou uma estrita obediência aos divinos preceitos, uma perfeita resignação com a vontade de Deus e sobretudo ensinou-nos como se deve amar. O P. Paulo Segneri, o moço, escreve a uma penitente sua que escrevesse aos pés do Crucifixo: “Eis aqui como se ama”. Eis aqui como se ama, é o que parece dizer a todos o próprio Redentor do alto da cruz, quando nós, para não sofrer qualquer desgosto, abandonamos as obras de seu agrado e por vezes chegamos a renunciar até à sua graça e ao amor. Ele nos amou até à morte e não desce da cruz senão depois de ter deixado de viver. Ah, meu Jesus, vós me amastes até à morte: até à morte vos quero amar. No passado eu vos ofendi e traí muitas vezes. Senhor, vingai-vos de mim, mas com vingança de compaixão e amor: dai-me uma tal dor de meus pecados, que me faça viver sempre contrito e aflito por vos haver ofendido. Eu protesto preferir sofrer todos os males no futuro e vos desgostar. E que maior desgraça poderia suceder-me que vos desgostar a vós, meu Deus, meu Redentor, minha esperança, meu tesouro, meu tudo.

5. “E eu, quando for exaltado da terra, atrairei tudo a mim. Ora, isso ele dizia para indicar de que morte havia de morrer” (Jo 12,32). Jesus Cristo afirmou que, quando fosse levantado na cruz, ele com seus merecimentos, com seu exemplo e com a força de seu amor, haveria de atrair para si os afetos de todas as almas, segundo o comentário de Cornélio a Lápide. O mesmo escreve S. Pedro Damião: “O Senhor apenas foi suspenso na cruz e já atraiu todos a si pelo desejo de seu amor” (De inv. cruc.). E quem deixará de amar a Jesus que morre por nós na cruz, pergunta o mesmo Cornélio. Vede, ó almas remidas, assim nos exorta a S. Igreja, vede o vosso Redentor pregado naquela cruz, onde toda a sua figura respira amor e convida a amá-lo: a cabeça inclinada, para nos dar o ósculo de paz, os braços estendidos para abraçar-nos, o coração aberto para nos amar. Ah, meu amado Jesus, como minha alma podia ser tão cara aos vossos olhos, conhecendo vós as injúrias que de mim haveis de receber? Vós, para cativar o meu afeto, quisestes dar-me as provas extremas de amor. Vinde, ó flagelos, espinhos, cravos e cruz, que atormentastes as sagradas carnes de meu Senhor, vinde e feri meu coração. Recordai-me sempre que todo o bem que eu recebi e que eu espero, tudo me vem dos merecimentos de sua paixão. Ó mestre de amor, os outros ensinam com a voz, ao passo que vós, nesse leito de morte, ensinais com o sofrimento; os outros ensinam por interesse, vós por afeto, não buscando outra recompensa que a minha salvação. Salvaime, amor meu, e que minha salvação seja a graça de sempre vos amar e agradar. Amar-vos é a minha salvação.

V. Senhor, não nos trateis segundo os nossos pecados.
R. Nem nos castigueis segundo as nossas iniquidades.

Para um Bom Católico a sexta-feira é dia de Penitência e dia de meditar sobre a paixão do Senhor!

Para os mundanos dia de ignorar o Senhor em sua Cruz e agonia.

Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os
sofrimentos de Jesus - Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes
Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I

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