Teologia Ascética e Mística: Da Parte da Santíssima Virgem, dos santos e dos anjos na vida cristã (Parte III)

Depois de Jesus, Maria é o mais belo modelo que é possível imitar: o Espírito Santo que, em virtude dos merecimentos de seu Filho, nela vivia, fez uma cópia viva das virtudes desse Filho. "Haec est imago Christi perfectissima, quam ad vivum depinxit Spiritus Sanctus". Jamais cometeu a mínima falta, a mínima resistência à graça, executando a letra o fiat mihi secundum verbum tuum. E, assim, os Santos Padres, em particular Santo Ambrósio e o Papa São Libério, representam-na como modelo acabado de todas as virtudes, "caritativa e atenciosa com todas as suas companheiras, sempre pronta a lhes prestar serviço, não dizendo e nem fazendo nada que lhes pudesse causar o mínimo desgosto, amando a todas e de todas amada" (J. V. Bainvel, Le saint Coeur de Marie).

Baste-nos apontar as virtudes assinaladas no próprio Evangelho:

1) A sua fé profunda que levou a crê sem hesitação as coisas que o Anjo lhe anuncia da parte de Deus, fé de que a felicita Isabel, inspirada pelo Espírito Santo: "Feliz é tu quem acreditastes: Beata quae credidist, quoniam perficientur ea quae dicta sunt tibi a Domino" (Lc 1,45)

2) A sua virgindade, que aparece na resposta ao Anjo: Quomodo fiet istud, quoniam virum non cognosco? que mostra sua firme vontade de permanecer virgem, ainda que fosse necessário para isso sacrificar a dignidade de Mãe do Messias.

3) A sua humildade, que resplandece na sua pertubação em que lançam elogios do Anjo; na declaração de ser sempre escrava do Senhor no próprio momento em que é proclamada como Mãe de Deus, naquele Magnificat anima mea Dominum, que foi chamado o êxtase da sua humildade, no amor que mostra na sua vida oculta, quando pela qualidade de Mãe de Deus, tinha direito a todas as honras.

4) O seu recolhimento interior que a leva a fixar no espírito e meditar silenciosamente tudo o que se refere a seu divino Filho. "Conservabat omnia verba haec, conferens in corde suo" (Lc 2,19).

5) O seu amor para com Deus e para com os homens, que lhe faz aceitar generosamente todas as provações duma longa vida e sobretudo a imolação de seu Filho no Calvário e a longa desse Filho tão amado desde a Ascensão até o momento da sua morte.

Este modelo tão perfeito é, ao mesmo tempo, cheio de encanto: Maria é uma simples criatura como nós, é uma irmã, uma Mãe que nos sentimos estimulados a imitar, quando mais não fosse, para lhe testemunharmos o nosso reconhecimento, a nossa veneração, o nosso amor. E depois, é o modelo fácil de imitar, neste sentido, ao menos que Maria se santificou na vida comum, no cumprimento dos seus deveres de donzela e de mãe, nos humildes cuidados da vida doméstica; na vida oculta, nas alegrias como nas tristezas, na exaltação como nas humilhações mais profundas.

Temos pois, a certeza de estar em caminho perfeitamente seguro, quando imitamos a Santíssima Virgem: é o melhor meio de imitar a Jesus e de obter a sua poderosa mediação.

(Fonte: Compêndio de Teologia e Ascética e Mística - AD. Tanquerey - 1961)

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