Sexta-Feira da Cruz de Nosso Senhor

9. Afirma S. Paulo que os pagãos, ouvindo pregar que Jesus foi crucificado por amor dos homens, tinham isso em conta de uma loucura inacreditável: Nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, que é
para os judeus um escândalo e para os pagãos uma loucura (1Cor 1,23). Como é possível, diziam, crer que um Deus onipotente, que não precisa de ninguém para ser sumamente feliz, tenha querido fazer-
se homem para salvar os homens e morrer numa cruz? Seria o mesmo que crer que um Deus se tornou louco de amor pelos homens. E, assim pensando, recusavam aceitar a fé! Esta grande obra
da redenção, que os pagãos julgavam e chamavam uma loucura, sabemos nós que Jesus a empreendeu e realizou. Vimos a sabedoria eterna, diz S. Lourenço Justiniano, o Unigênito de Deus tornado como
louco, por assim dizer, pelo amor excessivo que tinha aos homens. Sim, porque não deixa de ser uma loucura de amor, ajunta o cardeal Hugo, querer um Deus morrer pelo homem (In 1Cor 1).
10. O beato Jacopone, que no século fora um literato, feito franciscano, parecia haver-se tornado louco de amor por Jesus Cristo. Apareceu-lhe uma vez Jesus e disse-lhe: “Jacopone, por que fazes
essas loucuras?” “Por que as faço? Porque vós mas haveis ensinado. Se eu sou louco, vós ainda sois mais, havendo querido morrer por mim”. Também S. Maria Madalena de Pazzi, arrebatada em êxtases, exclamava: “Ó Deus de amor! Ó Deus de amor! É demais o amor que tendes às criaturas, ó meu Jesus” (Vita c. 11). Uma vez, toda fora de si, em êxtases, tomou um crucifixo e se pôs a correr pelo convento, gritando: “ó amor, ó amor; não cessarei jamais de chamar-vos amor, ó meu Deus”. E, voltando-se para as Religiosas, disse: “Não sabeis, caras Irmãs, que o meu Jesus é só amor e até ouso dizer e sempre o direito, louco de amor?” Dizia que, quando chamava Jesus amor, desejaria
ser ouvida do mundo inteiro, a fim de que fosse conhecido e amado por todos o amor de Jesus. De quanto em vez se punha a tocar o sino para que todos os povos da terra, como desejava, se
possível fosse, viessem amar a seu Jesus. 11. Permiti-me dizê-lo, ó meu doce Redentor, muita razão não tinha em vossa esposa de chamar-vos louco de amor. E não parece uma loucura o terdes querido morrer por mim, um verme ingrato, como sou, de quem já prevíeis as ofensas e as traições que vos deveria fazer? Mas se vós, ó meu Deus, quase enlouquecestes por amor de mim, como é que eu não chego a enlouquecer por amor de um Deus? Depois de vos haver visto morto por mim, como poderei pensar em outro, além de vós? como poderei amar outra coisa além de vós? Oh! sim, meu Senhor, meu sumo bem, mais amável que todos os outros bens, eu vos amo mais do que a mim mesmo. Prometo-vos não amar de hoje em diante outro bem fora de vós e pensar sempre no amor
que me haveis demonstrado, morrendo nomeio de tantos tormentos por mim. 12. Ó flagelos, ó espinhos, ó cravos, ó cruz, ó chagas, ó tormentos, ó morte de meu Jesus, vós muito me forçais e obrigais a amar a quem tanto me amou. Ó Verbo encarnado, ó Deus amoroso, minha alma se abrasa em amor por vós. Desejaria amar-vos tanto que não tivesse outro prazer que dar-vos prazer, ó dulcíssimo Senhor meu, e visto que tanto desejais o meu amor, eu protesto que não quero mais
viver senão para vós, e fazer tudo o que quereis de mim. Ó meu Jesus, ajudai-me, fazei que eu vos agrade inteiramente e sempre, no tempo e na eternidade. Maria, minha Mãe, rogai a Jesus por mim,
para que me conceda o seu amor, já que outra coisa não desejo nesta

Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os sofrimentos de Jesus -
Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I
e na outra vida que amar a Jesus. Amém.

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